Revertida demissão na Rodoviária

Locutores e fiscais da Rodoviária estiveram na reunião. Foto: Francine Hellmann

Trabalhadores da Conurb, lotados na Rodoviária de Joinville, conseguiram reverter uma das três demissões de locutores que foram realizadas no local. Eles conversaram com o presidente da Companhia, Francisco de Assis, acompanhados pelo Sinsej e o vereador Adilson Mariano (PT), na última terça-feira (13/9).

A justificativa para as demissões era a implantação de um sistema informatizado e uma suposta impossibilidade jurídica de preservar o cargo de locutor, mutuamente. Na reunião, os trabalhadores explicaram que há atividades da sua profissão imprescindíveis da força humana e lembraram que o novo método ainda está em fase de teste, já tendo apresentado falhas.

Diante dos protestos, que envolveram também a Câmara de Vereadores, a Conurb voltou atrás quanto à última demissão, cuja rescisão ainda não estava concluída, mas manteve a primeira, efetuada em 3 de agosto – o terceiro trabalhador não tem interesse de ser recontratado. Mesmo não representando os funcionários da Conurb atualmente, o Sinsej foi chamado por eles, acompanhou o caso e vai acionar a Justiça em nome do que ainda não foi reintegrado.

De acordo com os funcionários, a presença dos locutores é indispensável. O fiscal de plataforma, Edmund Timm Júnior, relatou na terça-feira que, com as dispensas, teve que largar seu posto e substituí-los: “Ontem [segunda-feira] fiquei a tarde toda fazendo a locução (…) Na prática, o sistema ainda não está funcionando e já houve demissões”.

O presidente do Sinsej, Ulrich Beathalter, fez um apelo para que as medidas em relação aos funcionários não fossem tão abruptas. “Se a Conurb for transformada em autarquia, o que defendemos, teríamos inúmeras possibilidades de realocações desses pais de família”, falou. Na ocasião, Assis demonstrou uma intenção totalmente contrária: “Estamos em vias de nos tornar uma autarquia, isso é público, mas isso gera estabilidade e todas as modificações têm que ser feitas antes”, revelou. Porém, dois dias depois a decisão foi revertida.

Desde maio de 2010, quando o novo sistema começou a ser implantado, os locutores da Rodoviária diminuíram o uso da voz para anunciar a chegada e saída de ônibus e passaram a operar um computador. Porém, em momentos de muito movimento, a locução verbal ainda é mais rápida que a eletrônica. Marcos Ladji, um dos profissionais cuja dispensa foi anunciada e reconsiderada, afirmou já ter feito 184 chamadas em um turno de seis horas no mês de dezembro. O serviço de utilidade pública, como o anúncio de objetos perdidos ou de pessoas desencontradas também só pode ser feito por eles.

De acordo com o coordenador da Rodoviária, Waldir Schaefer, a implantação do sistema prevê a instalação de três computadores no andar térreo, de onde funcionários das próprias empresas programariam o anúncio do horário de saída, itinerário e plataforma dos ônibus. O fiscal Edmund relatou que atualmente há casos em que os funcionários das empresas chegam a anunciar viagens gritando aos passageiros por não considerarem funcional o simples uso do telefone para contatar os locutores. Ele alertou que as maiores viações vão monopolizar o uso do computador principalmente em épocas de grande movimento, como o Natal, e os anúncios deixarão de ser feitos, prejudicando os usuários. 

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