Fórum Social Mundial acontece em meio a dificuldades

Com o clima de resistência em cada olhar, apoiadores da causa palestina de todo o mundo participaram do Fórum Social Mundial Palestina Livre (FSM – PL) entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro. Discussões sobre as perspectivas para solucionar os conflitos no Oriente Médio basearam as 164 atividades programadas. O objetivo foi reforçar a solidariedade dos povos e contribuir com a justiça e a paz na região.

A abertura do fórum aconteceu com a marcha dos movimentos sociais, que reuniu milhares de pessoas nas ruas do Centro de Porto Alegre. Os debates aconteceram espalhados pela cidade com o ponto de concentração na Usina do Gasômetro. Shows de música, dança típica, exposições de roupas e painéis de fotos ofereceram diversas formas de conhecer melhor a cultura palestina.

Problemas na organização

Esta edição do FSM enfrentou várias dificuldades para se concretizar, segundo o membro da comissão organizadora do evento Abdo Ahmad. “A discussão sobre a liberdade da Palestina não aconteceu da forma como era para ser”, explica. Em outubro o embaixador de Israel, Rafael Eldad, e o presidente da Federação Israelita (FIRS), Jarbas Milititsky, vieram ao Brasil para pressionar os governos gaúchos da capital e do Estado para cancelar o evento.

Ahmed relata que também houve problemas internos no comitê organizador. “Tínhamos mais de 100 palestrantes para trazer do mundo. Mas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) articularam para esvaziar este fórum e a vinda dessas pessoas”. Ele afirma que, quando essas organizações não conseguiram passar suas posições sobre o que fazer, começaram a boicotar a própria realização do FSM. “O resultado foi um evento desorganizado, esvaziado e que desfavorece o debate democrático”.

Propostas de solução conflitantes

Na oportunidade foi lançada a brochura “Palestina Livre”, uma publicação da Editora Marxista. No seu conteúdo estão organizados cinco textos de Caio Dezorzi, Ralph Schoenman e Serge Goulart. A brochura explica a formação e desenvolvimento do sionismo – espécie de nacionalismo judeu que guia o Estado de Israel. Além disso, um texto de Serge Goulart revela o significado dos Acordos de Oslo sobre a Palestina e a política de dois estados. O último texto de “Palestina Livre” demonstra a necessidade de os movimentos sociais combaterem por um Estado democrático e laico em toda a Palestina histórica, com a garantia do direito de retorno de todos os refugiados.

A proposta do material conflitou com a tese dos dois estados defendida pela Fepal e pela CUT – criação de um Estado da Palestina ao lado do Estado de Israel. Enquanto isso, a União Democrática das Entidades Palestinas (UDEP) e outros movimentos defenderam a necessidade de lutar sob os eixos expressos na publicação da Editora Marxista. Essa divergência de ideias dividiu o público do FSM na plenária final. A proposta da UDEP foi impedida de ser lida, pois a comissão organizadora tirou o microfone e chamou palavras de ordem de forma a inviabilizar a leitura do documento.

União dos explorados da Palestina e Israel

No debate “O desrespeito ao direito internacional na questão palestina”, o palestino Ramadan Ali, membro da UDEP, e o dirigente da Esquerda Marxista Serge Goulart guiaram as discussões. Eles contextualizaram os conflitos na região árabe com o desenvolvimento do sionismo. Ambos acreditam que o inimigo dos palestinos é o Estado sionista de Israel e não os judeus.

“A criação de dois estados não é possível, pois o sionismo continuará em Israel”, disse Serge Goulart ao público, “mas isso não quer dizer que não possa haver um Estado fantoche. Ele servirá apenas para os sionistas ganharem tempo enquanto continuam o massacre”.

Como solução definitiva para os problemas, Ramadan Ali e Goulart concordaram sobre as perspectivas. “Precisamos lutar pelo direito de retorno de todos os palestinos refugiados”, lembrou Ali. Serge Goulart defendeu a necessidade de destruir o sionismo por meio de uma insurreição dos trabalhadores árabes e israelenses. “Somente unindo os setores explorados de dentro e de fora de Israel podemos abrir perspectivas de criar um Estado democrático, com direitos iguais e que trate a religião como questão privada”.

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Fotos: Johannes Halter

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