Quatro dias de uma greve forte

Servidores deram hoje mais uma prova de disposição
Servidores deram hoje mais uma prova de disposição

A semana termina com a certeza de que a greve dos servidores de Joinville está forte e crescendo. Os últimos cinco dias foram marcados pela incapacidade do governo de reformular sua proposta e atender aos anseios da categoria.

Nesta sexta-feira (23/5), mesmo com chuva, os trabalhadores em greve foram à frente da Prefeitura para dizer novamente ao governo que exigem mais valorização. Na próxima segunda-feira, haverá novo ato, no mesmo local, às 9 horas. Quem desejar pode chegar às 7h30, para ajudar a conversar com os servidores do prédio da Prefeitura, que entram às 8 horas.

Tentativa de criminalizar a greve

No final de semana passado, o jornal A Notícia publicou uma entrevista com o prefeito Udo Döhler (PMDB) realizada pelo colunista Cláudio Loetz. Nela, o chefe do Executivo queixou-se da judicialização dos processos de licitação na cidade.

Na segunda-feira (19/5), os servidores de Joinville fizeram um dia de paralisação e um dos maiores atos já realizados pela categoria, com a presença de cerca de 6 mil pessoas. Neste dia, houve mais uma reunião onde a Prefeitura não apresentou melhorias na proposta. Döhler chegou a ventilar a possibilidade de propor 30% de reajuste no vale-alimentação, mas não formalizou nada. Diante da ausência de uma proposta que atendesse aos anseios dos trabalhadores, a greve foi deflagrada.

Servidores fizeram uma das maiores manifestações da categoria
Servidores fizeram uma das maiores manifestações da categoria

Sem demora, na mesma noite, a Prefeitura lançou uma nota informando que pretendia judicializar o movimento, o que cumpriu no dia seguinte. Na imprensa e redes sociais, muitos lembraram que o prefeito estava fazendo aos servidores o que lamentou fazerem com a administração.

Este comunicado foi a primeira medida de desespero do governo depois da deflagração da greve. Nele, o governo também informava que estava retirando tudo o que já havia proposto nas negociações anteriores, com exceção do reajuste de 5,92%. Além disso, a nota lançava uma mentira: de que a Prefeitura não poderia conceder um reajuste maior do que a inflação devido ao ano eleitoral. Esta alegação foi prontamente rebatida pelo Sinsej, pois a lei eleitoral deixa claro que a proibição só se dá na circunscrição do pleito, ou seja, este ano só vale no âmbito estadual e federal.

A Prefeitura chegou a enviar à Câmara de Vereadores um projeto de lei prevendo apenas o reajuste pela inflação. Na quarta-feira, os servidores lotaram a sede do legislativo e pediram aos parlamentares que não votem nada até que a Prefeitura e a categoria entrem em acordo.

Greve é considerada legal

Na terça-feira, a Prefeitura entrou com um pedido de liminar no Tribunal de Justiça contra o Sinsej, alegando que a entidade não havia comunicado que haveria greve com 72 horas de antecedência. Essa foi mais uma mentira. Os servidores de Joinville estavam em estado de greve desde 24 de abril, o que significa que a categoria poderia paralisar a qualquer momento sem precisar comunicar antecipadamente. O Sinsej já havia informado isso explicitamente ao Executivo por meio de ofício e em conversa com Döhler durante as negociações.

A decisão da ação saiu no dia seguinte, com uma importante vitória para o movimento. O juiz Stanley da Silva Braga não considerou a greve ilegal, como solicitou a Prefeitura. Porém, determinou a manutenção de 40% do efetivo em serviços essenciais e que os grevistas não poderiam ficar a menos de 500 metros dos locais de trabalho. Para o Sinsej, o juiz foi induzido a uma decisão errada, pois o governo agiu de má fé, sonegando ofícios enviados pelo sindicato.

O Sinsej ainda não foi notificado oficialmente dessa decisão, o que significa que ela ainda não estava valendo. Assim que isso acontecer, o sindicato vai recorrer.

Para discutir o tema, relacionando-o com a crescente criminalização de greves e movimentos sociais em todo o país, o Sinsej promoveu nesta sexta-feira uma palestra com o advogado da fábrica ocupada Flaskô, Alexandre Mandl.

Números

Durante a semana, a Prefeitura também passou a enviar comunicados à imprensa informando quantos servidores estavam em greve. Os números divulgados eram muito abaixo da realidade e foram facilmente desmascarados, pois não haveria necessidade de uma ação que garantisse 40% dos serviços essenciais se supostamente só havia 8,14% dos trabalhadores paralisados.

Manter a mobilização

Segunda-feira os servidores estarão novamente nos gramados da Prefeitura em grande número. A tarefa dos grevistas neste fim de semana é manter-se firme na luta e conversar com ainda mais colegas. O Sinsej protocolou novo ofício ontem reiterando à Prefeitura que continua à disposição para alcançar uma solução para o movimento, a partir de avanços significativos na atual proposta do governo.

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