Falta de servidores é questão de saúde pública

Por Tarcísio Tomazoni Jr.*

Quando anunciou um pacote de medidas contra os servidores de Joinville, em 20 de novembro de 2015, com o argumento de promover economia dos gastos públicos, Udo Döhler garantiu que os serviços da Secretaria de Saúde não seriam afetados. A secretária de Saúde, Francieli Cristini Schultz, chegou a dizer que a economia gerada pelo pacote, reforçaria os serviços de saúde.

Claro que sabíamos que, desde o começo, isso era somente uma justificativa barata. O prefeito está se utilizando da crise econômica para atacar direitos e conquistas dos servidores municipais. Passados mais de dois meses, o que vemos é o caos habitual nos serviços de saúde. Há superlotação no Hospital São José, longa lista de remédios faltando nas unidades de saúde, falta de profissionais em diversas áreas, servidores com contrato temporário foram demitidos e não estão ocorrendo substituições de trabalhadores que se aposentam ou pedem exoneração.

Esse descaso já está pesando sobre os profissionais de saúde. Os servidores estão tendo que assumir mais pacientes, tendo a intensidade de trabalho gravemente acentuada. Essa situação está diretamente relacionada a afastamentos por problemas de coluna, ombro e joelhos, depressão, Síndrome de Burnout, stress, entre outros.

A saúde dos profissionais, no entanto, não é o único problema. Eles atendem outras pessoas e, assim como um motorista cansado é um perigo nas estradas, os servidores da saúde estão sujeitos a cometer erros por trabalhar em condições precárias e intensas. Eles não são máquinas.

Assim, esse problema deixa de ser apenas de relações trabalhistas e passa a ser de saúde pública. O Sinsej alerta a todos que se encontram nessas condições a não assumirem mais pacientes do que o recomendado. Também não deverão ser aceitos remanejamentos arbitrários. É preciso sempre considerar se o remanejamento é uma questão pontual ou recorrente, por falta de servidores. Se este for o caso, a responsabilidade é da Prefeitura, que deve fornecer quantos profissionais sejam necessários para bem atender a comunidade.

Em caso de ameaças ou coações por parte das chefias, os diretores do Sinsej podem ser acionados e estarão à disposição para ajudar. Mas lembre-se, companheiro, se valorizar e se preservar como profissional depende da ação de cada um. Não aceite calado nenhum abuso, você não precisa, você não merece.


*Tarcísio é diretor do Sinsej e trabalha no Hospital São José

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