O Ipreville não é cheque especial da Prefeitura
Por Tarcísio Tomazoni Junior
Na reunião do Conselho Administrativo do Ipreville, realizada em 28 de agosto, o secretário da Fazenda de Joinville, Nelson Corona, anunciou que a Prefeitura não depositou parte da cota patronal da previdência dos servidores municipais do mês de julho. De acordo com ele, o mesmo acontecerá todos os meses até novembro. Com isso, deixarão de entrar nos cofres do instituto cerca de R$ 4,5 milhões ao mês. Até novembro, o governo terá criado uma dívida de aproximadamente R$ 22,5 milhões.
No final do ano, para que o município possa continuar recebendo verbas federais, a Prefeitura terá de quitar essa dívida ou propor uma repactuação, através de parcelamento – medida que precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo do Ipreville.
Importante lembrar que, apenas nesta gestão, caso se confirme mais um parcelamento, será a terceira vez que o governo recorre a esse expediente. Somente em parcelamentos com o instituto de previdência, a Prefeitura já paga R$ 1,2 milhão mensais, sem incluir aqui a nova dívida que está sendo contraída.
Em julho do ano passado, quando Udo Döhler anunciou o segundo atraso que acumularia com o Ipreville, muito se discutiu sobre a situação em que a atual administração havia herdado a Prefeitura. Déficit de caixa, dívidas e todas as dificuldades de uma nova gestão. Na oportunidade, o prefeito declarou que em julho de 2014 o município passaria a ser superavitário devido a uma série de medidas tomadas por ele e sua equipe.
No entanto, um ano depois, o que vemos é o descontrole. O governo anuncia que fará mais uma dívida de duas dezenas de milhões de reais com o Ipreville. Além disso, na reunião do Conselho Administrativo, o secretário Corona afirmou que o município voltou a atrasar pagamentos com fornecedores e que ainda não havia um real sequer provisionado para o pagamento do décimo terceiro salário dos servidores. Isso tudo em um ano onde a receita do município cresceu mais que a inflação. Infelizmente, a única constatação possível é que os anúncios do prefeito são palavras jogadas ao vento e que a administração não tem o controle da cidade.
Essa ingerência sobre os recursos que tratam da aposentadoria dos servidores municipais é maléfica não apenas para o funcionalismo municipal, mas também para a população joinvilense. Afinal, é ela quem paga todos os meses o parcelamento da dívida desnecessariamente acumulada com o Ipreville. Esse dinheiro poderia estar sendo investido em saúde, educação e asfalto.
São menos de dois anos de governo e três parcelamentos. Isso é inaceitável.
* Tarcísio é vice-presidente do Sinsej.