Começou a greve pelo serviço público de Joinville

Prefeitura escancara assédio moral | Foto: Aline Seitenfus
Prefeitura escancara assédio moral | Foto: Aline Seitenfus

Os servidores de Joinville entraram em greve nesta segunda-feira (2/10) por condições de trabalho. De manhã, os trabalhadores que cruzaram os braços fizeram uma manifestação em frente à Prefeitura. Ainda hoje e amanhã, equipes de comando de greve visitam locais de trabalho convidando mais colegas a aderirem ao movimento. Nesta terça à tarde, há reunião agendada com o governo. A próxima assembleia ocorre na quarta-feira, às 9 horas, no mesmo local.

Nota da Prefeitura escancara assédio moral

No final da manhã, a Prefeitura divulgou um comunicado oficial afirmando que não “concorda com a greve implantada de forma arbitrária pelo Sindicato”, que o movimento só atende aos interesses da diretoria da entidade e que os servidores que aderiram à paralisação terão salários descontados.

Esta nota é a prova do assédio moral e da maneira como este governo trata seus trabalhadores: com chantagens e coação. Toda a cidade sabe que a greve é por condições de trabalho; pelo fornecimento de equipamentos de proteção, uniformes e materiais; contra descontos ilegais no salário dos servidores; para que o processo de transferência seja regulamentado e não possa mais ser usado como método de punição política; para que a verba do Pmaq – para o qual os trabalhadores da Saúde da Família já cumpriram suas metas – seja paga a quem efetivamente trabalha nas unidades e não apenas à Secretária de Saúde; pelo pagamento de insalubridade aos coveiros do município; pela manutenção de carga horária do Caps; entre outras questões. Tais reivindicações não são de interesse apenas dos diretores do Sinsej, mas de toda a categoria e de toda a comunidade.

A pauta de reivindicações completa dos servidores pode ser lida aqui. Ela é pública e foi entregue ao prefeito no início de setembro. Udo Döhler, no entanto, decidiu desmarcar reuniões e enviar secretárias sem autonomia de resolução para os encontros com o sindicato. Na única oportunidade em que recebeu os diretores do Sinsej, em 19 de setembro, não quis discutir o assunto. O prefeito poderia ainda ter evitado o início do movimento apresentando respostas na reunião marcada para 27 de outubro, um dia antes da manifestação que decidiu pela greve, mas novamente desmarcou. Döhler parece brincar com seus trabalhadores.

Caps permanece em greve

Os servidores do Caps III já completam três semanas de greve, acampados em frente à Prefeitura. Por telefone, o prefeito já reconheceu ao sindicato duas vezes que a decisão de aumentar a carga horária destes profissionais para 44 horas semanais sem aumento de salário foi um erro. Prometeu que a ordem seria revertida e, nas duas oportunidades, voltou atrás, abandonando o setor.

Na sexta-feira, os trabalhadores do Capsi Infanto Juvenil decidiram unir-se ao Caps III, entrando em greve antes do restante da categoria. Imediatamente a chefia do local afirmou que eles teriam direito ao recesso de fim do ano caso não participassem do movimento, ao que os servidores responderam que não. Eles compreendem que o direito deve ser estendido a todos e que é preciso que os ataques ao restante da categoria cessem.

Salário em dia não é mérito, é obrigação

Na nota divulgada hoje e em todas as entrevistas dadas por Döhler ele utiliza o argumento de que “Joinville é uma referência em honrar com o pagamento salarial em dia, sem corte de benefícios adquiridos”. Há nesta frase uma flagrante mentira. A licença prêmio não está sendo concedida desde 2015. Os trabalhadores têm sido punidos com descontos salariais sem abertura de processo administrativo. O recesso de fim de ano já foi cancelado para diversos setores. O valor da hora-termo dos professores foi diminuído. A insalubridade dos coveiros está sendo cortada pela metade. O direito de transformação de um terço de férias em pecúnia não está sendo concedido. Tudo isso não seriam cortes de benefícios adquiridos?

Ademais, os servidores não deixarão de reivindicar outros direitos básicos, como EPIs e uniformes, por estarem recebendo o salário em dia. Pagamento e décimo terceiro na data correta não é mérito, é obrigação do prefeito. Ameaçar descontos para impedir a categoria de expor à cidade o que acontece no serviço público é assédio moral, a marca deste governo. O argumento do desconto foi utilizado todas as vezes em que a categoria se movimentou. Os dias de paralisação são sempre negociados durante a greve. No entanto, é preciso considerar: nos deixaremos acorrentar em nossos locais de trabalho por esta amarra?

Greve começa a dar resultados

Desde a semana passada a Prefeitura trabalha para desmobilizar a greve. “O combate que fizemos até agora já deu resultado”, disse o presidente do Sinsej, Ulrich Beathalter, hoje na manifestação. “Na sexta-feira ainda, várias equipes estavam correndo nas unidades distribuindo sapatão, aquilo que reivindicávamos há meses”, contou. E acrescentou: “Aquela diretora que denunciamos por assédio moral está afastada para averiguação”.  Além disso, comunicados foram enviados às escolas e CEIs pedindo que “a carne seja recebida”. Acerca disso, no entanto, uma cozinheira denunciou no caminhão de som: “Mas a ordem é para não usar a carne todo dia, mas intercalar com a sardinha”.

O sindicato lamenta que a Prefeitura aguarde o início de uma greve para procurar soluções e alerta à categoria que permaneça mobilizada até que os problemas apontados sejam definitivamente resolvidos, não apenas maquiados de última hora para desmobilizar a greve.

Todos os servidores que ainda não entraram em greve estão convidados a cruzarem os braços imediatamente, engrossando o movimento contra os desmandos desde governo. “Não vamos permitir que a Prefeitura provoque o desmoronamento do serviço público desta cidade”, afirmou o diretor do sindicato, Josiano Godoi.

Na tarde de hoje e durante todo o dia de amanhã, comandos de greve passarão nos locais de trabalho para conversar. Na quarta-feira, todos estão convocados à assembleia em frente à Prefeitura, às 9 horas.

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