O que esperar das eleições?

A atriz Sandra Bullock, no filme “Our brand is crisis”, solta uma frase simples, mas genial: “Se as eleições mudassem a vida das pessoas, elas seriam proibidas!”. A cada dois anos, somos convidados a renovar nossas esperanças no mundo capitalista, participando das eleições organizadas pela República burguesa – promessa contínua de mudanças e reorganização. Os diferentes partidos e candidatos revezam-se num esforço para nos convencer de que “agora vai ser diferente!”, “agora vai dar certo”. É tudo tão mágico, fácil, possível. Basta escolher melhor os candidatos, apertar uma tecla na urna eletrônica e – pronto! – seus problemas acabaram!

Ao longo das campanhas, repetem-se as velhas fórmulas do que parece ser um embate entre posições diferentes: uns falam abertamente em privatizar todos os serviços e empresas públicas, enquanto outros falam de mais investimentos públicos, em projetos desenvolvimentistas. Mas quase ninguém fala em romper com o atual sistema. Da direita à esquerda, a maioria dos principais partidos silencia sobre o pagamento dos juros da dívida pública, que consome metade do orçamento federal. A maioria silencia sobre o sistema capitalista em crise, sobre a guerra que os empresários declararam contra os direitos dos trabalhadores, sobre a cobiça dos banqueiros para pôr a mão no dinheiro da nossa aposentadoria… E quase todos fazem campanhas milionárias pagas com propinas recebidas destes banqueiros e empresários.

Por isso, o momento das eleições é um momento para refletirmos sobre a sociedade em que vivemos. Para avaliarmos o quão o Capitalismo é incapaz de resolver os problemas da humanidade no mundo inteiro. Hoje, há mais de um bilhão de miseráveis no planeta. Ultrapassamos os 80 milhões de desabrigados em consequência das mais de 60 guerras que estão acontecendo. É a maior tragédia humanitária da história. Doenças que deveriam estar extintas reaparecem e ameaçam nossa saúde. O desemprego aumenta. Voltamos a trabalhar mais que há algumas décadas. E poucas famílias acumulam as maiores fortunas da história. Enquanto as terras, bancos e fábricas continuarem a ser usados para o lucro de alguns – e não para matar a fome e resolver os problemas das pessoas – os problemas só aumentarão.

É hora de mudar o sistema. Então, nada de os trabalhadores se dividirem na falsa polarização eleitoral. Unidade total na luta pela defesa dos direitos, do serviço público, por melhores condições de vida e de trabalho para todos. Nenhuma confiança na hipocrisia burguesa, todo esforço na construção de uma nova sociedade.

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