Defender a Previdência, o serviço público e nossos direitos
Na primeira semana após as eleições, temos uma amostra do que esperar do novo governo eleito no Brasil. O provável Ministro da Economia, Paulo Guedes, banqueiro famoso por sua defesa da privatização total das empresas e serviços públicos, anuncia uma Reforma da Previdência pior do que a de Temer, venda de estatais e ataque aos direitos trabalhistas. Além disso, é preciso prestar atenção a outras questões importantes para o país.
A proposta de Paulo Guedes para a Previdência é o “modelo chileno”. O Chile foi o primeiro país latino a privatizar totalmente sua Previdência. O resultado é o altíssimo índice de suicídio entre os idosos, desesperados por não conseguirem se aposentar ou por não receber proventos suficientes para sobreviver. Em entrevista à BandNews, Guedes diz que ainda em janeiro inicia o processo dessa Reforma. Entretanto, antes disso já se tenta uma articulação com Temer para votar a Reforma que está no Congresso ainda esse ano – a fim de diminuir o desgaste do futuro governo já nos primeiros meses.
Com relação ao patrimônio público, o novo governo é defensor do “Estado mínimo”. Ele defende que a venda das estatais, dos serviços públicos e das riquezas naturais é o caminho para atrair os “investidores internacionais” e desenvolver a nação. Há uma lista contendo 50 estatais que seriam atacadas de imediato, entre elas Petrobrás, Banco do Brasil e Correios. Basta uma rápida pesquisa para verificar o que ocorre quando países dominados como o Brasil aplicam a privatização ao limite. A Argentina é um bom exemplo.
Guedes também cita a necessidade de ampliar o ataque a direitos trabalhistas. O que o vice-presidente eleito chama de jabuticaba (só tem no Brasil, referindo-se a direitos como 13º e férias), é visto pela nova equipe econômica como pesos que precisam ser tirados do ombro dos pobres empresários oprimidos pelos seus empregados.
Enquanto esse editorial é escrito, o Senado avalia proposta para endurecer ainda mais a Lei Antiterror, qualificando objetivamente manifestações públicas como terrorismo – ou seja, uma tentativa de criminalizar e prender como “terroristas” os líderes e participantes de movimentos sindicais e sociais.
Outros movimentos do novo governo sugerem a pressão que este sofre dos ruralistas, dos grandes capitalistas e banqueiros. A proposta de fusão do Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura, por exemplo, provoca a subordinação das questões ambientais aos interesses agrícolas, ou seja, dos ruralistas do agronegócio.
Os trabalhadores e a juventude precisam se afastar do calor das “torcidas organizadas” que defendem com unhas e dentes (e poucos argumentos racionais) os seus políticos preferidos. O Sinsej vem explicando que as eleições não resolveriam nossa vida.
Independente da escolha eleitoral, todos são chamados a defender seus direitos. É hora de se filiar ao sindicato, eleger o representante nas unidades de trabalho, participar das assembleias, seminários, palestras. É hora de se organizar, estudar, compreender e se preparar para defender o serviço público, nossa aposentadoria e o direito a uma vida digna para todos.