Servidores da Policlínica do Boa Vista estão apreensivos com instalação de centro de tratamento precoce da COVID-19 no local
Os servidores da Policlínica do Boa Vista estão apreensivos com a informação de que a Secretaria de Saúde pretende instalar, até amanhã (14), um centro de tratamento precoce da COVID-19 no local. A Unidade de Saúde é responsável por realizar consultas especializadas, o que, segundo os servidores, poderá ser uma perigosa combinação já que o coronavírus é potencialmente mais letal em pacientes que apresentam doenças crônicas. Para a direção do Sinsej, promover a aproximação do grupo de risco à pacientes positivados para a Covid-19 é uma irresponsabilidade da prefeitura.
Além disso, segundo o próprio secretário de saúde Jean Rodrigues da Silva, o principal objetivo do centro será a “aproximação entre quem quer prescrever e quem quer receber a cloroquina”, medicamento que não possui eficácia comprovada contra o coronavírus e com graves consequências para quem a utiliza. Apesar do presidente Bolsonaro exaltar o uso da droga, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) constantemente divulga os alertas da Organização Mundial de Saúde (OMS) que não recomenda o uso para pacientes com a doença.
Segundo informado nesta quarta-feira (12) pelo Governo do Estado, Joinville já tem 192 vítimas fatais do vírus, ainda que a prefeitura tenha divulgado que foram 181 mortes, e se mantém no topo do ranking do estado com 11.731 infectados. O sistema de saúde em colapso torna a situação da cidade ainda mais grave. Segundo boletim da prefeitura, dos 139 leitos públicos e privados de UTI exclusivos para o tratamento de pacientes com a Covid-19, somente 13 estão disponíveis. A apreensão dos servidores e da direção do Sinsej é de que estes números possam sofrer um aumento considerável com esta decisão do governo em manter, no mesmo local, pessoas do grupo de risco e pacientes positivados para a Covid-19.
Desde o início da pandemia a direção do Sindicato vem cobrando da prefeitura que garanta as condições seguras de trabalho para os servidores e de atendimento para a população. Não há dúvidas de que se a gestão tivesse atendido às exigências de prevenção apresentadas pelo sindicato, não haveria tantas famílias em Joinville sofrendo a perda de seus entes queridos. Mas ao invés disso a Prefeitura continua colocando em risco a saúde da população e da categoria. Como exemplo desta postura irresponsável é a denúncia feita por servidores em serviços essenciais de que, além de conceder apenas sete dias de atestado aos servidores que testam positivo para o novo coronavírus, o governo municipal tem negado a testagem aos servidores que trabalham nos mesmos locais de outros positivados e não comunica os casos positivos aos usuários da rede. O pagamento seletivo do adicional de insalubridade também tem motivado muitas denúncias, já que nem todos os servidores que trabalham em ambientes onde circulam pacientes da Covid-19 estão recebendo.
Enquanto os servidores se esforçam para combater o vírus, tratar os pacientes, promover a prevenção e bem atender a população, a gestão continua se negando a dialogar com o Sindicato, a reabrir as negociações da Campanha Salarial, a valorizar a categoria e a garantir condições seguras de trabalho. A falta de respostas da gestão para os inúmeros pedidos de informação motivou o Sindicato a protocolar uma denúncia contra a administração no Ministério Público de SC. O mínimo que se espera do governo é que tenha uma postura responsável com a categoria e com a população de Joinville. Para isso, a direção do Sinsej segue firme na fiscalização, na defesa e na luta por direito, valor e respeito.