Artigo: Em defesa da vida: suspensão imediata das aulas presenciais!
Por Jane Becker – presidenta do Sinsej
Passado mais de 1 mês do retorno das aulas presenciais, já acumulamos uma longa lista de surtos de Covid-19 nas escolas municipais. Vítimas de um protocolo insuficiente, muitos trabalhadores da educação testaram positivo para o vírus e duas cozinheiras já faleceram.
Embora a prefeitura mobilize esforços para esconder o contágio, os inúmeros relatos dos servidores não param de chegar. As unidades de ensino não estão alheias ao conjunto da sociedade e hoje sofrem também com agravamento da pandemia.
Os governos e grandes empresários aplicam uma política de propagar o vírus em favor de uma absurda “imunidade de rebanho” – que nunca chegou, nem vai chegar a acontecer – e assim nos encaminham até o colapso do sistema de saúde. À beira de 280 mil mortos, o Brasil ainda patina na vacinação ao som de desculpas esfarrapadas do ex-ministro Pazuello e o completo menosprezo de Bolsonaro.
Sob responsabilidade do governador Moisés, atualmente Santa Catarina vive seu pior momento da pandemia e passou a transferir pacientes para outros estados. A falta de oxigênio e medicamentos já ameaçam os hospitais do Estado. As filas para UTI crescem e se cogita a contratação de container frigorífico para armazenar corpos.
Numa operação de enxugar gelo, o prefeito Adriano Silva (Novo) vem prometendo ampliação do número de leitos disponíveis. Enquanto isso, permite o vírus circular sem qualquer tipo de controle e ainda ameaça privatizar o Hospital Municipal São José. Até aqui, todas as medidas anunciadas se mostraram um enorme fracasso.
A verdade é que atravessamos uma crise sanitária como consequência de uma profunda crise mundial do sistema capitalista, que destrói os serviços públicos e coloca o lucro acima do povo. Apostando na falsa oposição entre vida e economia, devastaram ambas.
Os governos do mundo todo aproveitam para impedir manifestações, baixar o toque de recolher e retirar direitos. Com apoio da mídia, se desenvolve uma narrativa de que a população é a culpada pela difusão do vírus enquanto omitem ônibus lotados e a falta de EPIs adequados nos locais de trabalho.
Quem eles querem enganar?
Na educação o efeito da pandemia foi particularmente cruel, pois as escolas cumprem um papel social muito maior do que apenas o ensino. É lá que as crianças e adolescentes ficam em ambiente seguro, com garantia de boa alimentação e desenvolvimento social, enquanto os pais trabalham.
Por isso os trabalhadores da educação foram favoráveis ao retorno das aulas presenciais. Mas como continuar sem um protocolo eficiente e que seja rigorosamente cumprido? Como ter aulas presenciais com segurança sem fazer concurso para ampliar o número de profissionais nas unidades?
Além do próprio protocolo interno ter suas falhas escancaradas, é preciso perceber que as pessoas estão morrendo na fila dos hospitais, mesmo antes de receberem o atendimento.
Nessas circunstâncias, não só as escolas como todo o conjunto dos serviços não essenciais deveriam estar fechados de forma coordenada.
É hora de suspender imediatamente as aulas presenciais e concretizar mudanças na infraestrutura para melhores condições de trabalho, planejamento do protocolo, com salas mais ventiladas, menor número de estudantes por sala, máscaras adequadas aos professores, além de prever o que fazer diante de um eventual aumento do contágio na cidade ou mesmo um surto local.
Combinado com um calendário de vacinação para todos e pelo SUS, exigimos também testagem em massa para rastreio e controle da pandemia, quebrando a cadeia de transmissão.