Terceirização provoca o caos na alimentação de estudantes das escolas de Joinville

Na última segunda-feira (25) começou o novo esquema de alimentação nas escolas municipais de Joinville. Terceirizadas pelo governo Adriano Silva (NOVO), as cozinhas das unidades de ensino agora estão sob responsabilidade da Sepat, que venceu a concorrência aberta pela prefeitura.

E já no primeiro dia a terceirização já mostrou porque é um modelo ineficiente, que visa o lucro em detrimento ao bom atendimento da população. Os estudantes estão recebendo uma carteirinha de papel com um QR Code para ter acesso às refeições. Cada estudante só pode repetir uma vez cada refeição. E os primeiros dias já mostraram que a prática vai instaurar o caos nas escolas.

Na Escola Municipal Professora Maria Regina Leal, na Zona Leste de Joinville, os professores de algumas turmas tiveram que liberar os estudantes 10 minutos antes do horário do recreio, para dar tempo de todos os alunos pegarem a refeição. Além disso, os educadores das séries iniciais precisam entregar as carteirinhas aos alunos, perdendo mais tempo de aula.

O recreio começa às 15h54 e vai até às 16h09. O último estudante da fila pegou sua refeição às 16h06, ou seja, tinha apenas três minutos para comer. Alguns alunos estavam comendo em pé, na fila, para dar tempo de repetir a refeição. Enquanto alguns alunos desistiam de pegar o segundo prato, outros comemoravam que conseguiram pegar mais uma refeição.

A situação toda é problemática porque para muitos estudantes essa é a principal refeição do dia. Em alguns casos, de crianças em situação de vulnerabilidade, é a única refeição do dia. Para muitos, a repetição era a garantia de uma alimentação minimamente próxima da quantidade necessária para o seu dia. Após o uso do QR Code duas vezes, o próprio sistema bloqueia uma nova tentativa.

O secretário Diego Calegari provou de vez ser um mentiroso. Em vídeo divulgado pela prefeitura ele afirma que os próprios estudantes estão se servindo, o que não é verdade. Como pode se ver nas fotos feitas pelo sindicato, são as funcionárias da empresa que servem as refeições. Até porque, o edital prevê os pesos de cada alimento que é servido aos alunos, portanto os próprios não poderiam ficar responsáveis por se servir em um buffet, como afirmou o secretário. Ele também afirma no vídeo que o processo será mais ágil com a terceirizada. Uma completa piada de mal gosto, como todo o trabalho de Calegari a frente da educação.

Estudantes são servidos pelos funcionários, contrariando o que afirmou o secretário.

Na Escola Osvaldo Cabral, no bairro Itaum, a situação foi a mesma. O prefeito Adriano Silva (NOVO) ainda pode se considerar um homem de sorte. Porque embora ele não ligue para o bem-estar da população, ele gere uma cidade com servidores excelentes, que estão dispostos a ajudar os estudantes. Toda gestão e organização das filas e até a distribuição dos pratos foi feita pelo corpo técnico da escola. Não é função deles, mas em respeito aos alunos eles não pensaram duas vezes e foram ajudar no que podiam.

Nas duas unidades visitadas pelos diretores do sindicato, foi nítida a piora no serviço e o despreparo da Sepat para lidar com a situação. Desde a qualidade da carteirinha, feita de papel e que pode facilmente se desgastar com o uso diário, até a organização das filas e distribuição dos alimentos. Repetimos, se não fosse a empatia dos servidores, a situação seria ainda pior.

Esse é só mais um caso que prova o desastre que é a terceirização em Joinville. Já tivemos o caso dos trabalhadores do Centro de Bem-Estar Animal transportados em caminhão baú, os funcionários de outra terceirizada andando no telhado do Centro de Treinamento da Ginástica sem equipamento de segurança e agora o caos na alimentação das crianças nas escolas. A verdade é que a realidade do cidadão joinvilense é bem diferente daquele mundinho perfeito que Adriano Silva (NOVO) pintou em uma entrevista recente a um programa de rádio em São Paulo. A realidade aqui é de descaso com a população. Adriano quer entregar tudo a iniciativa privada, sem se preocupar com a qualidade do serviço oferecido para a cidade de Joinville.

 

One thought on “Terceirização provoca o caos na alimentação de estudantes das escolas de Joinville

  • 2 de outubro de 2023 em 13:27
    Permalink

    A Terceirização e o fim do serviço público.
    Como disse meu estimado amigo,a demagogia continua!Durante a última campanha eleitoral,o então mandatário atual da PMJ;dizia em meu governo vou valorizar a saúde, educação e os servidores (uma vida melhor para os joinvillenses!).Na realidade ocorre o contário (caos na saúde pública,na educação,tornando mais dificil nossa qualidde de vida,infelizmente!!!)
    O projeto neoliberal com a terceirização do serviço público é tirar a responsabilidade do poder público tranferindo para o setor privado que tem por objetivo somente o lucro (ver o exemplo acima)
    Como diz um amigo meu racionando a merenda escolar:Um absurdo;a que ponto chegamos!!!Pensando que muitas crianças só tem essa alimentação na escola! Onde vamos parar com essa administração!
    Espero que o Sinsej acione MP.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

3 × três =