Uma luta que não acabou

A greve deste ano dos servidores públicos municipais de Joinville entrará para a história. Ela representa uma ruptura nos paradigmas da maior cidade do estado de Santa Catarina e terá repercussões para muito além desta categoria.
Até então acreditava-se que os trabalhadores de Joinville eram diferentes dos demais trabalhadores do mundo. Aqui, todos eram bonzinhos, pacíficos, alienados, fiéis cumpridores de suas obrigações e jamais questionariam as atitudes de seus chefes – pois a eles deveriam direcionar seus mais profundos agradecimento pelo emprego, pelo mísero salário mensal.
Ocorre que vivemos um momento de quebra de conceitos e preconceitos. O mundo vive um período convulsivo, revolucionário, onde não cabe mais a exploração simples e extremada do homem pelo homem. A classe trabalhadora, que produz as riquezas deste mundo capitalista e garante a normalidade de todos os serviços, cansou de pagar a conta dos excessos da burguesia. Os trabalhadores não aceitam mais serem eternamente penalizados, enquanto os grandes empresários só veem aumentar seus lucros e suas posses. Do Egito à França, da Tunísia à Grécia, os trabalhadores vão à luta.
Empresários e governantes que não entendem isso serão varridos para as latas de lixo da história. Infelizmente, é o que vemos no governo de Joinville. Um governo eleito a partir de um histórico de lutas em prol da classe trabalhadora, uma vez no poder prefere o caminho “mais fácil”, ou seja, alia-se aos grandes empresários da cidade e continua uma administração voltada a garantir o interesse dos poderosos. Para os trabalhadores, a mesma política de arrocho salarial, aumento de impostos, taxas de água, tarifa de ônibus…
Mas o governo Carlito se supera na truculência e na traição ao seu passado. De defensor de sua classe, passa a algoz dos servidores públicos, patrocinando uma perseguição jamais vista à categoria. Não dialoga. Ataca direitos históricos. Não reajusta salários. E agora insiste na punição, uma forma vil e traiçoeira de “se vingar” dos que ousaram questionar seus desmandos.
Os trabalhadores saberão responder a isso. Como em qualquer parte do mundo, à medida que são atacados, mais os trabalhadores se defendem e passam ao contra-ataque. Governos que não têm apoio popular são frágeis, perenes como a relva.
E, de maneira geral, os trabalhadores de Joinville ampliaram infinitamente sua consciência. Ninguém mais se ilude facilmente. Nunca se pensou, se debateu e se aprendeu tanto em tão pouco tempo nessa cidade. Definitivamente, nossa cidade não será mais a mesma.
Trabalhadores, continuemos unidos. Confiemos na nossa força.
Ulrich Beathalter
Presidente do Sinsej

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