A crise na vida dos trabalhadores
Os últimos dias têm sido bem conturbados no cenário econômico do nosso país. Apesar do forte apelo das Olimpíadas, do Campeonato Brasileiro e da novela, os fatos e os números da economia brasileira escancaram uma triste realidade: parece que a “marolinha” está virando algo mais sério.
Vamos a alguns fatos:
1. O DIEESE divulgou na semana passada que neste ano foi batido o recorde de venda de empresas nacionais para grupos estrangeiros. Só no primeiro semestre deste ano, 167 empresas foram compradas por multinacionais. Não há registro semelhante na história de nosso país. Nem na época do FHC, da política dita “neoliberal”, tantas empresas nacionais foram vendidas num único semestre.
2. Neste primeiro semestre caiu em 26% o número de novos empregos criados no Brasil. No setor industrial, caiu em mais de 50%. Esse dado é significativo, pois o desenvolvimento da nação se mede nos dados industriais.
3. Exemplos mais claros dessa situação da indústria se revelaram essa semana, com o anúncio da demissão de mais de 1500 trabalhadores da GM em São José dos Campos. Aqui em Joinville, a mesma empresa já anunciou o cancelamento da instalação de nova fábrica. Mercedes, Volks, Volvo e Scania, no ABC paulista, abriram PDVs. Há que se levar em conta os altos investimentos feitos pelo governo nesse setor, com redução de impostos e aumento do crédito.
4. Essa semana foram publicadas estimativas do FMI e do Banco Central para a economia brasileira. Segundo o FMI, nosso PIB crescerá 2,5% em 2012. Já o nosso próprio Banco Central prevê que cresceremos apenas 1,9%. Detalhe: essas previsões vêm sendo alteradas sistematicamente, sempre corrigindo os números para baixo.
Para se ter uma idéia da situação, precisamos crescer no mínimo 3% ao ano apenas para dar conta da demanda interna: ingresso de jovens no mercado de trabalho, aumento da população… Se o país cresce menos de 3%, significa que teremos problemas, com imediata diminuição do emprego.
Nesse momento, por mais que estejamos curiosos com o desfecho do conflito entre a Carminha e a Rita, por mais que estejamos torcendo para que o nosso time suba no campeonato, é preciso estar atento para aquilo que a Globo e a VEJA não vão nos mostrar, pelo menos não com a clareza e profundidade que deveriam. A “marolinha” prevista pelo ex-presidente Lula está se transformando numa tempestade. Nesse instante, há vários pais e mães de família sendo demitidos. Nesse instante, há vários pais e mães de família, servidores públicos, que há 3 meses estão em greve, completamente ignorados pelo governo e pela grande mídia. Nesse momento, o governo injeta milhões de reais para tentar salvar o lucro dos banqueiros e dos grandes empresários. Além disso, coloca em risco o futuro dos trabalhadores, com várias mudanças na legislação. Falei sobre isso na semana passada. Aos empresários não vai faltar nada. Seu lucro está garantido. A remessa de dinheiro às matrizes nos EUA e na Europa está garantida. Os especuladores internacionais continuarão tomando seus champanhes e uísques caríssimos, passeando em seus iates e carros de luxo, acompanhando o sobe e desce da bolsa de valores nos seus tablets e notebooks, sempre pressionando o governo por mais redução de impostos, por mais crédito, por mais “desoneração da folha de pagamento”…
E quem olha por nós, trabalhadores?
Está na hora desse governo romper com a lógica selvagem do capitalismo. Chega de engordar banqueiros e empresários. Um legítimo governo dos trabalhadores deve ficar ao lado do povo trabalhador. Precisamos urgente de um decreto a favor da estabilidade dos empregos. O sustento de milhões de famílias não pode ser menos importante que o lucro das empresas.
Alguém vai pagar a conta dessa crise. O governo Dilma pode escolher quem será. Esperamos que faça diferente do que todos os governos de direita sempre fizeram. Esperamos que rompa com a especulação e ouça a voz dos trabalhadores que a elegeram. A CUT e seus sindicatos precisam cobrar isso. Todos os trabalhadores precisam cobrar isso.