Os metalúrgicos ainda não escolheram a mudança

Por Ulrich Beathalter

Nesta semana aconteceu a eleição da direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville. Depois de 18 anos, o surgimento de um movimento de oposição na base dos metalúrgicos é resultado da conjuntura política e econômica que os trabalhadores atravessam em nosso país. Brasil afora existe uma inquietação muito grande da classe trabalhadora, que sabe da necessidade de reagir e se movimentar frente a todos os ataques promovidos pelo Capital para diminuir direitos dos trabalhadores. Os dirigentes sindicais que não compreendem isso e não se propõem a organizar de fato sua categoria para a mobilização e a luta serão inevitalmente varridos no próximo período.

Esse processo iniciou agora na base dos metalúrgicos. Daqui para frente existe uma oposição constituída, que continuará organizando os trabalhadores e impulsionando o sindicato para a luta em defesa das demandas da categoria. Isso é muito positivo, pois força a atual direção a fugir da apatia que vinha demonstrando nos últimos anos.

A Resistência Metalúrgica se propõe a resgatar os velhos princípios cutistas. Sindicato é um instrumento de organização e luta dos trabalhadores. Mais que assistência social, recreação e lazer, o sindicato precisa trabalhar para arrancar melhores condições de vida e de trabalho para a categoria. Os dirigentes precisam mostrar na prática que estão comprometidos com isso. Ao invés de se adaptar à burocracia da entidade, recebendo gordas ajudas de custo, gastando muito tempo em viagens e reuniões sem fim em todos os fóruns e mesas tripartites criados, os sindicalistas precisam estar no dia a dia ao lado dos trabalhadores, compreendendo sua situação, ajudando a elevar sua consciência e preparando sempre a melhor forma de arrancar dos patrões aumento real de salário, diminuição da jornada de trabalho, mais segurança e saúde no ambiente laboral. Além disso, os dirigentes não podem se desviar jamais do maior princípio que norteou a criação da CUT: a luta pela transformação deste modelo de sociedade, a luta pelo socialismo.

O processo eleitoral dos metalúrgicos foi um exemplo do que uma direção é capaz para ficar agarrada ao poder, para manter seus privilégios. Um processo nada democrático, que permitiu à oposição apenas 15 dias de campanha. A lista de votantes só foi disponibilizada no fim da tarde da véspera da abertura das urnas. Além disso, a forma de distribuição das listas e das urnas indicava claramente a intenção de evitar o recolhimento da totalidade dos votos, principalmente dentro da Tupy, empresa com o maior número de associados. Falando em associados, a representação da atual direção é outro fator questionável, pois numa categoria de mais de 20 mil trabalhadores, menos de 5 mil tinham direito a votar e, destes, apenas 3 mil e quinhentos de fato votaram.

A oposição recém criada, contra toda a campanha de calúnias que foi feita, contra a vontade dos patrões e contra o imenso aparato criado pela atual direção, conquistou 982 votos. De fato uma vitória para o movimento que se inicia. Apesar disso, a vitória nas urnas ficou com a chapa situação, que conquistou 71,7% dos votos.

Para o bem da categoria e daquele sindicato, para a garantia da democracia operária e o legítimo direito de oposição, espera-se que não ocorram retaliações aos candidatos da Chapa 2 Resistência Metalúrgica. A CUT e o sindicato devem ficar atentos e empenhar todos os esforços para impedir que os patrões persigam e coloquem em risco o emprego desses companheiros.

O Sinsej deseja que a direção eleita do sindicato faça um mandato digno de orgulho para a CUT e para os trabalhadores de toda a cidade e região. Sabe o quanto os metalúrgicos de Joinville podem ser um modelo de luta e de organização para todas as demais categorias.

A direção do Sinsej estará a postos para auxiliar em tudo que os trabalhadores metalúrgicos precisarem.

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