Uma semana de greve: prefeitura tenta ignorar os servidores

Sexta 2013.05.13

Postura intransigente da prefeitura omite informações da população e tenta desqualificar o movimento grevista.

A Prefeitura Municipal de Joinville (PMJ) lançou nota televisiva na manhã deste sábado informando que encerrou as negociações com o  Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville (Sinsej) na tentativa de chegar a uma solução para a greve dos servidores, que já chega ao sexto dia. Na última quinta-feira, a prefeitura já havia enviado à Câmara de Vereadores (CVJ) o projeto de lei que concede o reajuste, sem o consentimento dos trabalhadores paralisados.

Essas duas medidas do Executivo demonstram a intransigência do prefeito Udo Döhler ao tratar da questão e a forma pouco democrática como sua gestão vem tratando a situação. Além disso, enviando o projeto para a CVJ, o prefeito tenta se abster da responsabilidade exclusiva do Executivo em tratar da paralisação, desviando a atenção para o Legislativo e buscando apoio na base do governo para a aprovação do projeto à revelia da vontade dos trabalhadores. O Sinsej já entregou uma carta aberta a todos os vereadores solicitando que o projeto não seja aprovado enquanto não houver consenso entre trabalhadores e governo.

Nos sete encontros realizados entre o sindicato e a prefeitura, o governo não apresentou nenhuma proposta que representasse avanço significativo nas negociações, sendo que a penúltima foi anunciada em coletiva de imprensa, demonstrando claramente a posição da prefeitura em encerrar o contato direto com o Sinsej e os servidores. A oferta mais recente, que apenas adianta em um mês a última parcela do reajuste proposto, chegou à CVJ antes de ser entregue ao sindicato. Apesar de o governo enaltecer que sua proposta atinge o índice de reposição proposto na reivindicação dos trabalhadores, o governo omite que ela gera ainda mais perdas aos trabalhadores. Isso porque o parcelamento, que divide o reajuste em três vezes até dezembro, causa uma perda de 2,5% no salário dos servidores.

O Sinsej informa que a paralisação continua e aguarda que a prefeitura reveja suas medidas, retomando as negociações. Esta somente nas mão do Executivo a possibilidade de atender a categoria e chegar a uma solução para o movimento grevista. Enquanto isso, na próxima semana os trabalhadores paralisados vão à CVJ exigir que o Legislativo não aprove nenhuma proposta sem o consentimento dos servidores.

A greve na semana

O movimento grevista fechou a semana com cerca de 5 mil trabalhadores paralisados. Na sexta-feira já eram 24 postos de saúde fechados. Os Pronto Atendimentos Sul e Norte contavam com duas de suas equipes completamente paralisadas, prestando apenas atendimentos de urgência e emergência. No Hospital Municipal São José, cerca de 40% dos servidores estão paralisados. Isso obrigou a prefeitura a anunciar que o hospital está realizando apenas atendimentos de emergência. Além disso, dois dos quatro andares de internação estão fechados e não recebem mais pacientes. As UTIs não recebem novos pacientes e o Centro Cirúrgico está apenas atendendo casos de risco grave, tendo cancelado os demais procedimentos.

Na educação, apesar dos quase 2 mil servidores paralisados, a Secretaria de Educação (SE) manteve várias unidades abertas e recebendo os estudantes. Além de três escolas e quatro CEIs completamente fechados, 80% da demais unidades da rede municipal estão com seus quadros desfalcados e os alunos estão desenvolvendo outras atividades, sem aulas. Conforme relato de servidores, várias unidades que tinham falta de professores desde o início do ano receberam profissionais contratados na última semana apenas para manter a aparência de que as unidades estão funcionando. A medida da SE explicitou o descaso da atual gestão e causou ainda mais revolta nos servidores, aumentando o número de professores paralisados. Nas unidades onde as equipes operacionais de cozinha e manutenção paralisaram, os alunos estão recebendo apenas biscoitos como merenda. Esta situação, conforme os servidores, já vinha acontecendo nos últimos meses por falta de outros alimentos. Não bastasse, a prefeitura tem destacado servidores das áreas administrativas para substituir professores paralisados.

Nos demais setores, vários serviços estão paralisados por falta de profissionais. As unidades de obras, como a Sub-prefeitura do Boehmerwaldt e a Fábrica de Tubos estão com suas atividades suspensas pela ausência de trabalhadores. Setores da Secretaria de Fazenda e da Fundema também estão desfalcadas e com as atividades debilitadas. Dos quatro Centros de Atendimento Psicossocial, apenas dois estão funcionamento.

A greve na próxima semana

Na próxima semana o movimento de paralisação inicia na segunda-feira, às 9 horas, com um ato em frente à prefeitura. À tarde, os comandos de greve visitam novamente os locais de trabalho. Na terça-feira, os servidores grevistas vão à Câmara de Vereadores exigir que os parlamentares não votem o projeto de reajuste proposto pela prefeitura.

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