Contra o desmonte do Hospital São José

Por Tarcísio Tomazoni Jr*

Em entrevista ao Jornal A Notícia, de 18 de novembro 2015, o presidente da Sociedade Joinvilense de Medicina (SJM), o médico Antônio César Franco Garcia, propõe o desmonte de Hospital Municipal São José. Na tentativa de apontar soluções para os problemas de saúde vividos pela população em Joinville, o representante da entidade sugere a construção de um novo hospital público sob a batuta da gestão privada.

Entre seus argumentos encontra-se o engessamento da administração municipal e os 37% da receita gastos, bem como a judicialização em detrimento do planejamento em saúde. Ora, Garcia não sugere nada novo. Na prática é a privatização do São José com ares de novidade. Na entrevista, diz que os procedimento eletivos devem ser repassados a esse novo hospital, e o HMSJ deveria se transformar num grande pronto socorro.

Os argumentos de Garcia são válidos. Ele tem razão ao dizer que a Prefeitura gasta 37% da receita em saúde. Mas o dinheiro para manter esse hospital privado viria de onde? Não adianta sugerir um novo hospital sem dizer as fontes de financiamento. Já vimos essa “lenga-lenga” de que o privado é melhor que o público, que tem ferramentas mais ágeis de administração e por aí vai. Se fosse verdade, por que o Instituto Vida de Garuva, que é uma empresa privada e opera serviços públicos de ortopedia, ainda não deu conta de diminuir a fila de ortopedia?

O próprio prefeito Udo Döhler faz questão de dizer que o índice de gastos em saúde de Joinville é elevado. Mas reconhecer isso não faz a situação mudar. Fazer um pedido protocolar ao governo do Estado para bancar parte desta conta também não muda a realidade. Até agora não passou de teatro por parte do governo municipal que evita um enfrentamento mais sério com o governo do Estado. Como vimos até agora, a Prefeitura foi ignorada por Colombo.

O serviço hospitalar é um serviço público caro. E, óbvio, não pode estar nas mãos do ente federativo mais frágil, o município. Aliás, a municipalização de serviços públicos vem sendo uma tragédia, que geralmente acaba em privatização. Ao invés de propormos a privatização ou o esvaziamento do São José, o que queremos é que quem é responsável pelos serviços de alta complexidade de saúde de fato assuma essa responsabilidade por inteiro. Seja o governo estadual, seja o governo federal.

Diferente das palavras vazias do prefeito, que nada de concreto faz para arrancar algo de Colombo, e da sugestão perigosa de SJM de desmanchar o HMSJ, que em nada melhoraria a prestação dos serviços, exigimos que o governo federal e estadual assumam sua parcela de responsabilidade. Tanto um quanto outro podem assumir essa conta, aliviar os cofres do município para investir no que é sua vocação, como dito por Garcia em sua entrevista, que são os serviços básicos de saúde. Em tempos de crise aparecem com mais frequência esse tipo de proposta. Por isso todos os trabalhadores têm que permanecer com suas ferramentas afiadas. Vira e mexe o canto da sereia da privatização aparece, seja pela entrega direta do hospital a uma Organização Social, seja pelo desmonte aos poucos.

Tirem as mãos gananciosas do São José.

Estadualizar ou federalizar já.

Abaixo a privatização.

Serviços públicos, gratuitos e para todos.

* Tarcísio é diretor do Sinsej e trabalha no Hospital São José 

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