Manifesto em defesa dos museus públicos de Joinville

O Sinsej reproduz abaixo manifesto elaborado pelos trabalhadores de museus e arquivos de Joinville sobre as condições do setor no município, após o incêndio de grandes proporções no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. O sindicato também se manifestou sobre o tema em um texto que pode ser lido aqui. No dia 7 de setembro, todos os trabalhadores estão chamados a protestarem no Grito dos Excluídos, com concentração às 9 horas, em frente ao Sesc (na Rua Itaiópolis). 


Manifesto-museus

Neste momento de tragédia em que um grande incêndio atingiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, na noite de 2 de setembro de 2018, nós, trabalhadores de museus e arquivo do município de Joinville, vimos a público manifestar nossa solidariedade com a instituição e os trabalhadores e alertar a sociedade que tal situação não se trata de um caso isolado e reflete o desmonte dos serviços públicos no Brasil.

Este incêndio é sintomático e simboliza a ineficácia das políticas públicas existentes destinadas às instituições de pesquisa, ciência, educação e cultura, especialmente os museus.

Em Joinville, os museus públicos municipais também lidam com acervos importantíssimos para toda a humanidade. Todavia, eles estão em situação precária, sendo sucateados sistematicamente em todas as suas esferas de atuação: acervos mal acondicionados, reservas técnicas inadequadas, falta de acessibilidade, edificações mal conservadas e insalubres (infiltrações, rachaduras, mofo, instalações elétricas e hidráulicas precárias etc.), quadro técnico insuficiente, falta de planejamento, cerceamento da função comunicativa, tudo isso associado a uma gestão que privilegia os acordos políticos em detrimento das questões técnicas e operacionais.

Dos itens acima destacamos que a falta de investimentos e o entendimento raso dos gestores sobre o funcionamento dessas instituições, comprometem o desenvolvimento das pesquisas, da comunicação e da conservação dos acervos. Soluções que transferem do Estado para a iniciativa privada a gestão e execução de serviços ligados ao patrimônio cultural são insuficientes, falaciosas e ilegítimas, considerando que tratamos de bens públicos e coletivos.

Recomendamos que, em curto prazo, o município de Joinville tome providências e consolide políticas públicas atendendo e ampliando as metas estabelecidas pela Lei Municipal Nº 7258/2012, e pela Lei Federal 11.904/2009. É urgente a garantia da autonomia técnica e financeira das instituições museológicas e a realização de manutenção preventiva para que a preservação dos acervos seja condizente com o valor que eles possuem para a sociedade.

Sabemos que a concretização dessas recomendações precisa ser apoiada amplamente pela sociedade. Para tanto, apelamos para que os trabalhadores, e os jovens tomem para si a responsabilidade de defender o acesso à ciência, à educação e à cultura pública, gratuita e de qualidade.

Joinville, 3 de setembro de 2018

Adriana Maria P. dos Santos, Alcione Resin Ristau, Beatriz Ramos da Costa, Camila Daine Silva, Cymara Scremin Schwartz Sell, Dalzemira Anselmo da Silva Souza, Deise Oliveira, Diego Felipe da Costa, Elaine Cristina Machado, Flávia Cristina Antunes de Souza, Fernanda Oçoski, Gerson Machado, Giane Maria de Souza, Jaqueline Gonçalves, Janaína Alves Helen Pereira, Mateus Roberto Carle, Priscila Gonçalves Silva, Rodrigo Boçoen, Sayonara Castro, Giana Sobral Maciel Wiest e Eduardo da Rosa.

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