Petroleiros em greve promovem Ato no Terminal da Petrobras em Guaramirim

Manifestação inicia às 8 horas desta sexta-feira(7), no km 46 da BR-280

O Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro PR/SC), a Intersindical dos Trabalhadores e o Fórum de Lutas de Jaraguá do Sul e Região realizam na sexta-feira (7), às 8 horas, no Terminal de Distribuição de Combustíveis da Petrobras/Transpetro (km 46 da rodovia BR-280, bairro Corticeira), em Guaramirim, um Ato em apoio à greve nacional dos petroleiros em Santa Catarina. Os recursos advindos do Terminal de Guaramirim podem corresponder a quase 50% do Produto Interno Bruto (PIB) no município e o seu possível fechamento vem na esteira das medidas tomadas pela direção da empresa. Em outubro do ano passado, praticamente todo o quadro administrativo do Terminal foi transferido para Joinville, iniciando o desmonte da unidade. “Mais do que uma luta dos petroleiros, essa greve deve ser abraçada por todo o povo brasileiro, pois visa impedir a privatização da maior empresa do Brasil e a entrega do patrimônio nacional ao capital estrangeiro”, diz a nota de convocação do Ato.

Jordano Zanardi, diretor do Sindipetro

O dirigente do Sindipetro PR/SC, Jordano Zanardi, que reside e trabalha em São Francisco do Sul (SC), destaca que os petroleiros puxam esse movimento de resistência com a plena certeza de que vai tomar fôlego maior a cada dia. “Precisamos reverter ou pelo menos impedir que mais estragos sejam feitos por essa política econômica absurda, praticamente submissa do governo brasileiro aos Estados Unidos e a outros países”, critica. Jordano adverte que o ministro da Economia Paulo Guedes (e o presidente da Petrobras, Castello Branco) tem compromisso praticamente exclusivo com investidores, a maioria estrangeiros ou mega investidores brasileiros. “Não tem compromisso nenhum com a soberania energética nacional, que é um bem para toda a população e gera milhões de empregos indiretos no país. O que ele quer é a maximização do lucro e a entrega aos acionistas”, acrescenta, lembrando que a Petrobras já representou, sozinha, quase 14% do PIB nacional e é indutora do desenvolvimento. “A Petrobras tem que gerar bem estar para a população, com combustíveis baratos e retornos em lucros para investimentos no país”.

Cresce adesão à greve

A greve nacional dos petroleiros, iniciada a zero hora do dia 1º de fevereiro nas unidades que trabalham com turno ininterrupto de revezamento, vem tomando corpo. Na avaliação de Jordano Zanardi, o movimento “dobrou de tamanho com a adesão do pessoal que trabalha em atividades administrativas ou em unidades operacionais que atuam em regimes administrativos (das 6h às 18h) e deve chegar a 50 unidades ainda nesta semana, com a entrada do pessoal das plataformas”. A categoria reivindica que a direção da empresa volte atrás na demissão de mil trabalhadores da fábrica de fertilizantes (Fafen), em Araucária (PR) – são 400 próprios e 600 deles terceirizados impactados diretamente com o fechamento da empresa. “Já, indiretamente, dá um total de cinco mil famílias que sofrerão impacto”, conta o dirigente do Sindipetro. Ele denuncia que a empresa violou Acordo Coletivo de Trabalho assinado em novembro do ano passado e que proíbe as demissões plúrimas ou coletivas, inclusive na própria Fafen.

Jordano cita ainda outros pontos descumpridos do ACT, como plano de saúde, Participação nos Lucros e Resultados, tabela de turno e banco de horas. A direção da Petrobras alega que negocia com os petroleiros mas, segundo Jordano, as mesas de negociação são meras formalidades, sem nenhum avanço. “A Petrobras cria a regra que pretende implementar, extremamente leonina em relação aos funcionários, e quando as entidades sindicais sentam à mesa para conversar a respeito a direção da empresa apresenta a regra e sai da mesa”. A própria ocupação da sede, no Rio de Janeiro, é um exemplo: “A comissão permanente de negociação que compõe a FUP (Federação Única dos Petroleiros) tinha intenção de se reunir para negociar e até mesmo evitar a deflagração da greve, mas a Petrobras foi novamente truculenta, tentou impor suas condições, saiu da mesa e os diretores decidiram que não iriam mais sair do prédio”, resume Jordano, citando a decisão judicial que negou o interdito proibitório solicitado pela empresa: “A juíza deu uma lição de moral em sua decisão, ou seja, temos o direito de usar artifícios necessários para convencer os patrões a negociar”.

A greve é legal

Os petroleiros promovem uma greve considerada legal e cujo julgamento deve acontecer em meados de fevereiro. Jordano Zanardi afirma que, a partir do despacho do ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Ives Gandra, exigindo uma série de medidas na tentativa de inviabilizar a greve, a FUP e suas assessorias jurídicas vêm tomando muito cuidado para cumpri-lo e vão ingressar com recursos visando derrubar a decisão do ministro. Entre as exigências estão a de que 90% dos trabalhadores voltem aos postos de trabalho e não pode haver bloqueio de pessoas e veículos nas unidades da empresa – se houver, a multa é de R$ 500 mil para o Sindicato com mais de 2 mil trabalhadores na base e de R$ 250 mil para os demais. “O objetivo não é afetar o fornecimento de combustíveis à população, pretendemos assumir o controle das equipes de turno, garantindo a segurança de trabalho e uma produção adequada para suprir as necessidades. Vamos continuar a greve e acatar a decisão judicial, seguindo o rito do processo de dissídio, até o julgamento”, conclui.

Texto e fotos: Sérgio Homrich dos Santos – jornalista

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