Audiência pública: governo e vereadores não respondem dúvidas dos servidores sobre reforma da Previdência de Joinville
A audiência pública realizada na noite desta terça-feira, 11 de maio, para discutir os projetos de reforma da Previdência na Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ) evidenciou o desespero e expôs as fraquezas do governo Adriano Silva (Novo). Os representantes da prefeitura e seus vereadores não responderam às perguntas feitas pelos servidores e pela população, que questionaram e protestaram contra a reforma.
A audiência pública foi realizada sem a participação presencial da maioria dos servidores públicos, que acompanharam as discussões do lado de fora, em frente à Câmara de Vereadores e de maneira virtual. Presencialmente, eram cerca de 200 servidores em frente à Câmara, acompanhando a audiência por um telão, estrutura montada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej). Virtualmente, a audiência teve mais de 6,5 mil visualizações pelo canal da CVJ e pelas redes do Sinsej.
“É com pesar que nós participamos dessa audiência pública. Porque uma audiência pública de verdade precisa, no mínimo, acontecer com público. Nós não podemos esquecer e negar o momento pandêmico que estamos vivendo. E isso impossibilita a participação da população e, principalmente, dos servidores públicos, que são os principais interessados na discussão de projetos como este, que inviabilizam ou dificultam o acesso à aposentadoria”, disse Jane Becker, presidenta do Sinsej, na Tribuna da Câmara.
Paulo Tsalikis, auditor fiscal da Receita Municipal de Joinville, participou da audiência e cobrou a realização de uma auditoria. “Nós precisamos saber em que base está se fazendo uma reforma da Previdência num município que tem o melhor instituto de Previdência do Brasil. Não tem um estado ou uma cidade com um regime de Previdência de grande porte que esteja nas condições que está o município de Joinville. Não sou eu quem estou dizendo isso: são os números da secretaria de Previdência”, defendeu Paulo.
Perguntas sem respostas
Os poucos servidores que tiveram suas perguntas lidas pelos vereadores não foram respondidos, evidenciando a farsa que foi a audiência pública realizada pela Câmara. No chat da transmissão online, servidores questionaram os vereadores e o governo sobre um novo cálculo atuarial, o parcelamento do déficit e a realização de auditoria, mas ficaram sem respostas. Perguntas sobre o impacto da reforma na economia da cidade e no atendimento dos serviços públicos também foram lidas, mas não respondidas.
Também no chat da transmissão, pedidos de concurso público e de retirada dos projetos de reforma da Previdência foram feitos, mas não respondidos pelo governo e vereadores. Durante a leitura dos comentários, o vereador Neto Petters (Novo) chegou a dizer que tinha “um monte de gente” defendendo a reforma, o que não se viu no chat da transmissão, inundado por manifestações contrárias aos projetos do governo municipal.
No plenário da Câmara, a grande maioria dos presentes se manifestou contra a reforma. Para fazer o contraponto, participaram alguns cargos comissionados e meia dúzia de militantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e do partido Novo, que vieram de outras cidades para passar a falsa impressão de que a reforma tem algum apoio da sociedade.
A maioria das manifestações apontou para a falta de diálogo da prefeitura e para os prejuízos causados aos servidores públicos com a aprovação da reforma, argumentos que incomodaram os governistas presentes. Uma das principais demonstrações do desespero do governo foi dada por Gilberto de Souza Leal Júnior, secretário de Governo. Aos berros, o braço direito do prefeito Adriano Silva (Novo) discutiu com servidores públicos e revoltou-se com as críticas feitas pelos participantes da audiência pública.
Sinsej amplia mobilização contra a reforma
Após a audiência pública, em diálogo com os servidores públicos que acompanharam e protestaram do lado de fora da Câmara de Vereadores de Joinville, a presidenta do Sinsej, Jane Becker, fez um alerta e convocou a categoria para a luta. Ela chamou a atenção dos servidores sobre as reuniões paralelas chamadas pelo governo, que tem o objetivo de iludir e enganar os trabalhadores. “Não vamos cair em armadilhas e mentiras de governo privatista que quer acabar com nossa aposentadoria”, disse Jane.
Para o Sinsej, a reforma da Previdência do prefeito Adriano Silva (Novo) é um projeto político, de ataque à categoria e à aposentadoria dos servidores públicos de Joinville. Por isso, o sindicato vai ampliar a mobilização contra a reforma da Previdência, exigindo a retirada dos três projetos do governo e amplificando o diálogo com a categoria e com a população de Joinville sobre os prejuízos que poderão ser implementados.