Segurança armada nas escolas não é solução

Os ataques violentos contra alunos nas escolas brasileiras vêm gerando inúmeros debates e ações com o intuito de ser assertivo para evitar novas ondas de violência. Desde 2002, o país sofreu 20 ataques nas escolas. O Sinsej entende que os protocolos de segurança são necessários, porém, há divergências sobre a necessidade de segurança armada no interior das escolas.

O deputado federal Pastor Henrique (PSOL), em um debate na CNN deixou as pistas para uma análise profunda que vai ao cerne do problema e da solução. A escola precisa enfrentar a intolerância, ajudar na convivência pacifica e generosa, precisa valorizar a diversidade para promover a cultura de paz. A escola tem o dever ético e pedagógico de enfrentar os vetores que produzem violência, tal como a misoginia, o racismo e a homofobia. A escola tem que assumir a responsabilidade com a comunidade escolar, com a participação das famílias para afirmar uma cultura de respeito profundo a diversidade e uma vez verificando um potencial de violência, como o bullying, a intolerância, o preconceito e a discriminação, ter a possibilidade da mediação, da pedagogia e do acolhimento. Mais vigilância e punição não vai diminuir o potencial de conflito.

Livros fazem milagres, aulas fazem milagres, conversas generosas fazem milagres produzindo reconciliação entre estudantes. Jogar todas as fichas em câmeras, em armas, em ronda, em patrulha, não vai ao cerne do problema.

Essas ações de violência refletem a disseminação de uma cultura de extremismo e ódio, a glorificação da violência e das armas. Essa cultura do ódio nega a diversidade e a singularidade de cada ser humano. Quando autoridades públicas brincam e naturalizam a violência, prometem a morte de seus inimigos, isso ajuda a intoxicar o ambiente social e escolar.

Vamos imaginar uma bacia cheia de água com uma torneira aberta. O objetivo é impedir que essa bacia transborde. O mais inteligente e eficiente não é pegar um pote e ficar tentando tirar a água da bacia, sendo que a torneira continua aberta. A cultura de ódio, o extremismo político, a glorificação da violência são a torneira aberta que estimulam essas ações violentas cada vez mais comuns nas nossas escolas.

Ir ao cerne da questão é defender uma cultura de paz, é ter uma política de convivência, cidadania e diversidade dentro das escolas, é avançar na política de controle sobre venda e circulação de armas. E claro, adotar protocolos de segurança, como o botão do pânico, a ronda externa nas escolas. O que não pode é colocar a polícia armada dentro das escolas.

Um estudo do Departamento de Justiça dos EUA, publicado em fevereiro de 2022, concluiu que a presença de policiais baseados nas escolas não reduz e nem previne os ataques, inclusive ao contrário, nos dois ataques com o maior número de mortes nos EUA havia a presença de policiais. Em Parkland, na Florida, com 17 mortos e em Santa Fé, no Novo México, com oito mortos.

É preciso fomentar a tolerância para que os alunos entendam que precisam viver em harmonia e respeitar as diferenças.

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