Prisões de prefeitos catarinenses mostram que terceirização também é corrupção

Na última semana mais dois prefeitos de Santa Catarina foram presos em operações que investigam casos de corrupção e envolvendo pagamento de propina para empresas terceirizadas de limpeza e coleta de lixo em municípios catarinenses.

Toda a investigação gira em torno de empresas que pagaram propina para prefeitos catarinenses, para que elas assumissem a gestão de coleta de lixo e limpeza urbana das cidades. A Operação Mensageiro sozinha colocou 16 prefeitos atrás das grades. Agora, mais dois tomaram o mesmo rumo. Os pagamentos ocorriam pelo menos há oito anos, segundo o Ministério Público, e a investigação atingiu mais de 20 municípios do estado.

O que chama atenção é que todas estão envolvidas no mesmo cenário. Prefeitos terceirizando serviços para empresas escolhidas a dedo. Ou melhor, escolhidas pelos valores pagos por elas. Isso mostra que a terceirização não só precariza o serviço oferecido, como ela é terreno muito fértil para a corrupção.

Além das investigações envolvendo a chamada “Máfia do Lixo”, o Ministério Público volta seus olhos agora para as obras públicas. A Operação Travessia, como foi denominada essa nova investigação, prendeu o prefeito de Barra Velha, Douglas Elias Costa (PL) no dia 24 de janeiro por supostamente receber vantagens indevidas de empresários contratados para realizar obras no município. A empresa ainda cita aditivos e medições supervalorizadas como parte do esquema de corrupção.

O caso talvez explique a enorme paixão que alguns prefeitos têm pela terceirização. Mesmo com denúncias envolvendo as empresas e relatos de péssimos serviços prestados, elas continuam a receber contratos dos municípios. Em Joinville, recentemente a construtora Azulmax foi multada após o Sinsej denunciar que as condições degradantes dos trabalhadores da obra do Centro de Bem-Estar Animal (CBEA), sob responsabilidade da empresa. Da denúncia até a condenação passaram-se quase um ano e mesmo assim quando saiu a condenação a prefeitura não só tinha mantidos os contratos vigentes com a empresa, como também firmou novos acordos. Em um deles, o da reforma da praça Henrique Frederico Grun, no Rio Bonito, em Pirabeiraba, a própria Secretaria de Meio-Ambiente (SAMA) alertou a prefeitura de a obra ficou maquinário parado no local por vários dias. Ainda assim, o prefeito Adriano Silva (NOVO) autorizou um aditivo no contrato com a construtora. A obra já tem quase o dobro do tempo previsto para sua execução e ainda não foi entregue.

Outra empresa que desfruta desse “carinho” da prefeitura de Joinville é a Sepat, responsável pela alimentação das unidades escolares e de saúde. As primeiras denúncias de larvas na alimentação dos servidores são de 2016. Desde então o sindicato vem frequentemente recebendo relatos de que a alimentação continua péssima. No final de 2023, inclusive, o Sinsej fez diversas denúncias em relação ao serviço prestado pela empresa na UPA Sul. Porém, como prêmio pela sua péssima atuação na área da saúde, a Sepat ganhou de presente da prefeitura um contrato para fornecer alimentação para as escolas municipais. Não nos surpreenderá se em pouco tempo surgirem relatos de larvas nos alimentos consumidos pelas crianças joinvilenses.

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