A maquiagem na Saúde
Somente no mês de março nove médicos pediram exoneração da Secretaria de Saúde de Joinville. Destes, seis prestavam atendimento na Atenção Básica. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Iririú, o usuário espera em média dois meses por uma consulta. Nas unidades de Estratégia Saúde da Família (ESF) Jardim Paraíso V e VI, falta um médico e outro está atendendo somente casos urgentes; também faltam oito Agentes Comunitários de Saúde. Na ESF Edlla Jordan, trabalham três equipes e falta uma médica. Na ESF Morro do Meio, onde trabalham duas equipes, são necessários quatro técnicos, mas só há dois.
Estes são alguns exemplos da falta de funcionários na rede. Esta situação acarreta a sobrecarga dos demais trabalhadores e a diminuição da oferta no atendimento. Este problema é agravado pela prática do município de não substituir profissionais que estão em férias, atestados ou licenças. A resolução deste problema é uma reivindicação antiga dos usuários, conselhos locais de saúde e dos próprios servidores.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej) tem cobrado a realização de concurso e a reposição do quadro funcional para todos os setores da Prefeitura. No final de 2017, a categoria chegou a fazer uma greve por melhores condições de trabalho e contratação de pessoal.
Na Saúde, o recente anúncio da ampliação da ESF carrega outro equívoco: as equipes já existentes de UBS estão sendo transformadas em ESF, mas sem contratação de servidores e adequação das instalações. Exemplo disso é a unidade do Floresta, que foi transformada em ESF no ano passado, sem aporte de pessoal e estrutura. Agora, a Secretaria de Saúde quer transferir o atendimento de 1 mil usuários para a ESF Km 4, sendo que lá há duas equipes em um prédio onde só cabe uma. Tanto no Floresta como no KM 4 reclama-se de falta de espaço físico e de servidores.
Assim, o que vemos não é a melhora no atendimento e, sim, uma maquiagem para afirmar que a cobertura de ESF foi ampliada. Os servidores estão começando a Campanha Salarial 2018 e, para além da reposição salarial, lutam por melhores condições de atendimento. Toda a comunidade está convidada a participar deste movimento.