Terceirização em obra pública: a tragédia que o governo municipal reservou aos joinvilenses

O que era para ser uma noite de festa para a população de Joinville acabou num espetáculo de horrores que denunciou a precarização dos serviços de infraestrutura e o mau uso do dinheiro público. Depois de anos de execução e também paralisação dos serviços de macrodrenagem do rio Mathias, a obra ruiu e levou abaixo 33 pessoas, adultos e crianças, que chegaram a ser pisoteadas e atingidas por materiais de construção no momento da queda.

Além de custar milhões aos cofres públicos e trazer diversos problemas de circulação e mobilidade no centro da cidade, a obra contratada em 2013 com prazo para terminar em 2016  chegou a ser abandonada em 2019 pela empreiteira Motta Junior, com 70% do trabalho concluídos. Tanta foi a demora, os milhões de reais gastos e as denúncias de irregularidades que uma CPI foi aberta na Câmara de Vereadores para apurar o caso e seu relatório enviado para o Ministério Público e Tribunal de Contas.

Embora ainda estejam sendo feitos e analisados os laudos sobre o acidente pelo Instituto Geral de Perícias/SC, Paulo* engenheiro civil que já trabalhou na Seinfra, diz que o solo daquele local não comportava a estrutura com grande quantidade de pessoas, somente com vigas aéreas, como foi feita. Ele acredita ainda que o contrato da macrodrenagem já começou com problemas e que, como em muitas obras públicas, não devem ter sido feitas vistorias e manutenções preventivas e rotineiras. “Má execução, baixa fiscalização aliadas a nenhuma manutenção”, completa.

No entanto, esse pode ser só o começo de uma tragédia anunciada, já que o prefeito Adriano Silva (Novo) é um entusiasta das terceirizações. A direção do Sinsej vem, por meio desta nota, não só denunciar as consequências da precarização e do mau uso do dinheiro público, mas também repudiar a insensibilidade e falta de solidariedade do prefeito que, mesmo após a tragédia, deu continuidade ao evento.

Talvez para justificar os quase dois milhões de reais anunciados em luzes e mais um milhão da Lei Aldir Blanc destinados apenas para projetos de eventos natalinos. A população joinvilense merece ser valorizada, assim como o serviço público e o servidor. Basta de terceirização!

*Paulo é um nome fictício.

 

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