Começa o Fórum Social Mundial Palestina Livre
Começa hoje (28/11) e vai até sábado uma proposta audaciosa de Fórum Social Mundial (FSM) com o tema “Palestina Livre”. Esta edição do evento apresenta perspectivas de luta avançadas em relação ao que os tradicionais organizadores do evento gostariam. Na edição de 2011, realizada em Dakar, a iniciativa de alguns militantes conseguiu que a solidariedade ao povo palestino pautasse a edição deste ano em Porto Alegre. No centro das discussões, estará a crise humanitária após 65 anos da partilha do território palestino.
O Sinsej é solidário à realização do evento e à luta do povo palestino. O sindicato ajudou a enviar uma delegação de Joinville para participar do FSM. Dessa forma, espera contribuir para fortalecer a unidade dos trabalhadores do mundo por justiça, liberdade e auto-determinação dos povos.
Contextualização do conflito
O conflito entre israelenses e palestinos começou no final do século XIX com o fortalecimento de um movimento político e filosófico chamado sionismo – espécie de nacionalismo judaico. O grupo considerava a si próprios como “filhos de Sião”. Com o desenvolvimento do nazismo, essa corrente de pensamento ganhou audiência. Ela pregava o direito divino dos judeus à terra do território do povo palestino – espaço então controlado pela Inglaterra depois da queda do Império Otomano. Começa um movimento migratório de judeus do mundo todo para tomar residência na região.
Em 1947 a ONU aprova o plano de partilha do território e permite a criação de um Estado de Israel, com a divisão do país entre seus antigos habitantes e os judeus adeptos do sionismo. Em 1948, o Estado de Israel desencadeia uma guerra contra os países árabes amigos do povo palestino. Seu objetivo foi aumentar o território do novo país e expulsar aqueles considerados como impuros. Vitoriosos, os israelenses desencadearam uma onda de assassinatos, expulsões e ofensivas tão brutais quanto à sofrida pelos judeus nas mãos nazistas.
Expulsos de suas terras, vitimados com constantes ofensivas militares e abandonados pelos países subordinados ao imperialismo dos Estados Unidos, o povo palestino continua lutando pelo direito de viver no seu território e pelo fim da violência. Essa resistência assume em vários casos a forma de milícias e grupos terroristas. Mas eles também se organizam politicamente no campo internacional. Assim que foi construída uma campanha mundial de solidariedade dos povos com o objetivo de pressionar os governos do mundo para solucionar o conflito.
Eixos avançados do FSM – PL
A edição Palestina Livre levanta bandeiras que os tradicionais organizadores do Fórum Social Mundial não gostariam de debater. As edições anteriores do evento se propuseram a ser um instrumento para a busca de alternativas sociais e econômicas dos problemas do mundo, mas sem questionar as colunas de sustentação do regime capitalista e o próprio regime. Seus documentos sempre terminaram afirmando: “um outro mundo é possível”. Mas nunca questionaram a propriedade privada dos meios de produção, o capitalismo e a orientação política da colaboração de classes.
Esta edição do Fórum propõe ser o impulsionador de campanhas para fortalecer a solidariedade mundial por justiça, igualdade e soberania dos povos. Propõe a criação de ações para assegurar a autodeterminação palestina e a criação de um Estado único com Jerusalém como capital. Além disso, reivindica o atendimento aos direitos humanos e internacionais para acabar com a ocupação israelense e a colonização de todas as terras árabes. Cobra a derrubada do “muro da vergonha” – criado pelo Estado de Israel para servir como uma espécie de “muro de Berlin”. Exige que sejam assegurados os direitos fundamentais dos cidadãos árabe-palestinos de Israel à plena igualdade. A edição também combate para implementar, proteger e promover os direitos dos refugiados de retornar a seus lares e propriedades.
Para chegar aos eixos que esta edição do FSM colocou em cena, a União Democrática de Entidades Palestinas do Brasil (UDEP) teve um papel central. A entidade é uma frente das comunidades do Brasil. Ela foi responsável por impulsionar as linhas gerais do FSM deste ano. Partes importantes das propostas dela foram incorporadas na convocatória oficial disponível no site do comitê organizador.