Greve dos Correios cobra 88 itens
A paciência dos trabalhadores dos Correios chegou ao fim na última quarta-feira (19). Teve início, então, uma greve envolvendo 25 dos 35 sindicatos regionais da categoria. O motivo da greve foi a frustração dos funcionários com as respostas da empresa diante da campanha salarial em prática desde julho. A decisão foi tomada por meio de assembleias gerais regionais.
Os trabalhadores estavam cansados de tentar negociar a campanha salarial 2012/2013, devido à resistência da empresa. Segundo o sindicalista James de Azevedo, diretor de imprensa da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a empresa negligenciou a maioria dos 88 pontos da pauta de reivindicações. “Na semana passada, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) apresentou uma proposta aceitável pelos trabalhadores, mas até isso a empresa rejeitou”, comenta.
A empresa estatal Correios tem cerca de 120 mil trabalhadores. O Comando Nacional da Greve estima que 84% da categoria cruzou os braços logo no primeiro dia. Em uma carta aberta à população a Fentect pede a solidariedade da sociedade. “Nossa greve é por justiça, distribuição de renda para os trabalhadores e principalmente por uma empresa pública que garanta melhores serviços para o povo brasileiro”, destaca o documento.
A empresa ofereceu inicialmente somente 3% de reajuste. Depois do início da greve, apresentou 5,2%, correspondente à inflação dos últimos 12 meses. A empresa nega-se a negociar e tenta provocar o retorno imediato dos trabalhadores e descontar os dias parados.
Cobranças
A pauta da categoria tem 88 itens. O reajuste salarial pedido corresponde a 43,7%. Desse valor, 33,7% são de perdas salariais sofridas no processo do Plano Real, 5,2% da inflação entre agosto de 2011 e deste ano e 4,8% de ganho real. “Quando Lula entrou no governo, a defasagem era de 84%. De lá para cá, fomos diminuindo isso em cada greve e mobilização”, contextualiza o sindicalista da Fentect James de Azevedo.
Além da cobrança salarial, há pontos na pauta como tíquete-alimentação diário de R$ 35, condições de trabalho melhores, fim das terceirizações e contratação de 30 mil trabalhadores. Para esta terça-feira (25), está marcada uma reunião no TST para nova negociação mediada pela justiça. O Comando Nacional de Greve espera que a empresa dos Correios aceite um acordo semelhante ao sugerido pelo tribunal na quarta-feira passada (19).