Sinsej discorda do aumento na tarifa de ônibus

O Sinsej declara sua posição contrária ao aumento da tarifa de ônibus de Joinville. Os novos valores são de R$ 2,90 para a passagem antecipada e de R$ 3,30 para a embarcada. Eles começaram a valer nesta segunda-feira (7/1). O sindicato entende que existem problemas graves no modelo de transporte da cidade. Além disso, afirma que os aumentos beneficiam apenas as empresas Gidion e Transtusa. A autorização do reajuste foi dada pelo ex-prefeito Carlito Merss e confirmada pelo atual, Udo Döhler.

A justificativa para a mudança nos preços é feita por meio de planilhas financeiras. O problema é que elas são formuladas pelas próprias empresas. Reportagens jornalísticas mostraram que a prefeitura não tem controle real sobre essas informações. Mas é com esses dados fantasmas que os prefeitos estudam quanto permitir de aumento. Se a condição para os aumentos fosse a inflação, desde 1996, a passagem deveria custar R$ 1,78 em 2013.

Contratos irregulares

As empresas que exploram o transporte coletivo em Joinville trabalham em contradição com a lei. Nunca houve uma licitação – concorrência de preços – para permitir seu funcionamento. Contratos irregulares de 10 a 15 anos foram renovados por diferentes governos. O resultado são 47 anos de controle do setor por apenas duas famílias, os Bogo e os Harger. Eles construíram um grande poder econômico e participam do jogo do poder. Financiam candidatos a vereador, candidatos a prefeito, manipulam a organização sindical dos funcionários, reprimem com bate-paus as manifestações e ditam suas normas para a polícia. É dessa forma que mantêm o controle do transporte coletivo.

Licitação de circo

Por isso, a licitação anunciada pela prefeitura para 2013 promete ser uma farsa. O governo de Carlito Merss seguiu as ordens dos Bogo e Harger durante todo tempo. No fim do mandato, reconheceu uma dívida de R$ 125 milhões da prefeitura para com as empresas – essas juram de pés juntos que deveria ser de R$ 268 milhões. Detalhe: esse valor será usado para dar vantagem a elas na prometida licitação. Truque de mágica barato para tudo ficar como está.

Política de marionete

Enquanto isso, os trabalhadores e os estudantes têm seu salário sugado pelas catracas da Gidion e Transtusa. Os vereadores e os prefeitos fingem não escutar os gritos de PASSE-LIVRE ESTUDANTIL. Disfarçam que não sabem da baixa qualidade do serviço. Se fazem de bobos diante da ambição pelo lucro. Não atendem às necessidades da maioria da população. Aquela parte que gostaria de ter um transporte bom, barato e rápido. E não apenas para trabalhar. Mas também para se divertir, aumentar seu conhecimento e desfrutar de lazer com a família.

Interesse empresarial

Todo aumento na tarifa de ônibus reforça uma forma de transporte que atende aos interesses econômicos e políticos de um grupo de empresários. Aqueles que se reúnem na Associação Empresarial de Joinville (Acij) e decidem os rumos da cidade. O novo prefeito Udo Döhler (PMDB) já mostrou pra que veio: confirmou logo em seu primeiro dia de mandato o aumento autorizado por Carlito. Não é pra menos. Ele presidiu durante cinco mandatos aquela mesma Acij.

Solução é a empresa pública

O Sinsej acredita que apenas um transporte comandado por uma empresa pública municipal pode atender aos interesses dos trabalhadores e dos jovens. Essa empresa precisará acabar com a lógica privada, aquela que só quer saber de lucrar. No lugar dela, dará preferência a uma lógica social, que veja o que a população precisa e invista o dinheiro necessário para isso. Essa empresa diminuirá imediatamente a tarifa. Para isso basta parar de colocar o lucro no bolso das duas famílias e abatê-lo do custo da passagem. E no horizonte poderá usar formas de impostos – aqueles que taxem mais os ricos e menos os pobres – e arrecadações diferentes. Poderá se chegar, inclusive, à tarifa gratuita do transporte coletivo.

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