Julho vermelho no Brasil
Por Márcio Avelino do Nascimento*
No mês de julho diversas categorias de trabalhadores por todo o país movimentaram-se por suas reivindicações.
Entre os dias 1º e 4, caminhoneiros de todo o Brasil bloquearam várias rodovias. Em Santa Catarina foram paralisadas as rodovias federais 282 e 158. Estes trabalhadores reivindicam subsídio no preço do óleo diesel, isenção de pagamento em pedágios, a criação da Secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas e a imediata votação da Lei do Motorista (Lei nº 12.619).
Em Joinville, no dia 8, os trabalhadores da Metalúrgica Duque deflagraram greve com a paralisação de 90% dos 1,2 mil funcionários da empresa. Eles pediam o simples pagamento de seus salários e o depósito do fundo de garantia. Na mesma situação, sem receber salários, estavam os jornalistas da TV BAND, que entraram em greve no último dia 15, deixando de exibir alguns programas.
No dia 10, cerca de 100 policiais civis, entre delegados e agentes, fizeram um protesto próximo a Central de Policia de Joinville. Em uma assembleia em 15 de julho, os 2,5 mil praças presentes decidiram por unanimidade que a proposta do governo do Estado é insuficiente e que permaneceriam mobilizados, podendo paralisar a qualquer momento. A categoria quer que o governo reponha a inflação dos últimos 13 anos.
O mês de julho também viu a grande disposição de luta de cerca de 100 mil trabalhadores de todo o país que foram às ruas no dia 11, muitos deles passando por cima de direções sindicais adaptadas. Neste “Dia Nacional de Greves, Paralisações e Manifestações”, convocado pelas centrais sindicais, o Sinsej participou da manifestação regional que aconteceu em Itajaí. O planejado era fechar a BR 101 por uma hora e a passeata rumava para lá pela BR 470, mas ao chegar a um viaduto as direções de várias centrais sindicais tentaram desviar o movimento para a cidade. Os manifestantes perceberam a manobra e, revoltosos, contrariaram as direções ocupando a BR 101 e fechando os dois sentidos por aproximadamente 30 minutos.
Ainda em Itajaí, a direção do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais fez todas as manobras possíveis para desmobilizar sua categoria. Mesmo assim os trabalhadores formaram uma comissão e entraram em greve entre os dias 27 de junho e 2 de julho. A paralisação foi vitoriosa, com o pagamento dos dias parados, 10% de reajuste salarial, aumento do valor do vale-alimentação de R$ 150 para R$ 153 e ampliação dos trabalhadores que recebem este benefício.
Tudo isso, sem citar diversas de outros Estados, como os petroleiros da Bacia dos Campos, no Rio de Janeiro, trabalhadores do Sistema Eletrobrás, da Companhia Paulista de Força e Luz, entre outros.
Está provado que a classe trabalhadora tem muita disposição de lutar por melhores condições de vida e trabalho. É preciso que suas direções sindicais mostrem a mesma vontade.
*Márcio Avelino do Nascimento é diretor trabalhista do Sinsej