Supervisores e orientadores não são professores substitutos

Por Josiano Godoi*

A falta de professores nas escolas municipais de Joinville é um problema que afeta as atividades de todos os trabalhadores da rede. Entre os profissionais mais atingidos estão os supervisores e os orientadores educacionais, que são os primeiros a serem recrutados para substituir professores não contratados ou doentes.

Nas visitas que os diretores do Sinsej fazem às escolas é frequente que orientadores e supervisores denunciem estar impedidos de realizar suas funções por serem solicitados pelas direções a substituir os professores que faltam. Esses companheiros chegam a questionar se é possível simplesmente recusar-se a fazer tais substituições.

Ora, a partir do momento em que um supervisor ou orientador deixa de lado suas atividades de suporte técnico para fazer o papel de um professor substituto, toda a escola sofre duas vezes: uma vez pela falta de professor e outra pela falta de supervisão e orientação que acaba por surgir.

Como diz um ditado: “Descobre-se um santo para cobrir outro”.

Não existe trabalho pedagógico de qualidade sem uma boa atuação da supervisão escolar e sem um serviço atuante da orientação educacional. Só um bom supervisor escolar é capaz de dar o suporte e o apoio técnico necessários para que o professor realize um trabalho pedagógico eficiente na sala de aula. Um orientador educacional competente consegue ajudar a garantir um ambiente escolar propício à aprendizagem. Portanto, afastar os supervisores e orientadores das suas funções e transformá-los em professores substitutos improvisados é trabalhar contra uma educação de qualidade.

Para o Sinsej, os supervisores e orientadores educacionais precisam lutar pela preservação da sua profissão. Há redes, como a estadual de Santa Catarina, onde não se faz mais concurso para essas funções. Em seu lugar foi criado um cargo de atribuições amplas e inespecíficas. Em outras palavras, as profissões de orientador educacional e supervisor escolar estão em extinção. Lutar contra seu fim é tarefa imediata de todos os trabalhadores em educação.

A orientação do Sinsej para esses companheiros é não aceitar o desvio de função. Os supervisores e orientadores não são professores substitutos. A escola não pode ficar sem a contribuição desses profissionais.

A falta de pessoal é responsabilidade de Secretaria de Educação. Ela deve abrir concurso público, contratar os professores que estão faltando, melhorar as condições de trabalho para que menos trabalhadores adoeçam e faltem ao trabalho.

Não será deixando e escola sem supervisão escolar e sem orientação educacional, nem será transformando esses trabalhadores em professores substitutos improvisados que os problemas da rede serão resolvidos.

*Josiano é diretor do Sinsej e professor, das redes municipal e estadual de educação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

4 × um =