Um apagão gerencial

 

Artigo publicado no jornal A Notícia, em 29 de julho de 2014. 

Um apagão gerencial

Rotineiramente, Joinville vive uma crise com a iluminação pública. Neste momento, mais de 20% das lâmpadas da cidade estão apagadas. Longos trechos estão às escuras, alguns já são emblemáticos, como a ponte Mauro Moura e boa parte da Avenida Beira Rio. Dinheiro não falta, o financiamento desse serviço se dá através da Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública (Cosip), cobrada todos os meses em nossa fatura de energia elétrica.

Não é novidade o que estamos vivendo, já vimos isso em outros governos. Todo esse embaraço tem um ponto em comum, o processo licitatório. São interesses de diversas empresas privadas, que enfiam o processo em um mar de recursos administrativos e judiciais, com pedidos de suspensão da concorrência, o que arrasta por meses as licitações. No fim, a população fica refém de interesses privados, com a Cosip paga em dia, mas com as lâmpadas em frente as suas casas e aos pontos de ônibus apagadas.

Dinheiro tem, o que realmente falta para as administrações que se sucedem é melhorar a gestão, inovar, pensar diferente. Não dá para tentar resolver um problema antigo apresentando as mesmas soluções que já se mostraram ineficazes. Está mais do que na hora de uma virada nessa situação vergonhosa pela que passa a cidade.

A Prefeitura precisa apostar mais no serviço público. Assumir a gestão e a manutenção da iluminação. Já existe um núcleo de eletricistas no quadro dos servidores municipais, que são trabalhadores experimentados. Com o dinheiro que existe, pode-se ampliar o número de profissionais e comprar os equipamentos necessários.

Exemplo de que isso é possível é a fábrica de artefatos de cimento da Prefeitura. Nela, produzem-se lajotas para pavimentação, tubos de concreto, pavers, entre outros. Tudo com custo reduzido se comparado ao preço de mercado, tudo com mão de obra e maquinários próprios do município.

Com um mínimo de planejamento e vontade política essa situação constrangedora pode ser eliminada do cotidiano de Joinville. Se a administração olhar para dentro da própria Prefeitura verá que a solução é mais simples do que parece. Caso contrário, esperemos pelo próximo apagão de iluminação, bem como por mais um apagão gerencial.

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