Servidor, é hora de lutar por seus direitos

A assembleia de 7 de junho decidiu deflagrar greve dos servidores de Joinville a partir do dia 12. Esta é a única alternativa que resta aos trabalhadores, após o vencimento da data-base e dois meses de negociação sem resultados. Em seis reuniões com o sindicato, Udo Döhler só enrolou. Não considerou a pauta inteira, mencionou a possibilidade de conceder algumas poucas coisas, mas, ao fim, oficializou apenas uma “proposta” de reajustar os salários em 1% agosto e 1% em outubro, a serem efetivamente pagos nos meses de setembro e novembro.

Em um ano em que a inflação oficial, usando como referência o INPC, é de 3,99% – o que já é bem baixo e não condiz com os preços que vemos no supermercado – os 2% parcelados oferecidos pelo prefeito parecem mais uma ofensa. Não é verdade que a Prefeitura não tem dinheiro. Com este índice baixo, é perfeitamente possível atender também a reivindicação de 5% de reajuste acima da inflação, para começar a recuperar as perdas salariais que a categoria acumulou ao longo dos anos. De acordo com o Dieese, os salários da Prefeitura hoje têm uma defasagem de aproximadamente 40% em relação a 1996.

Não bastasse, nem mesmo o vale-alimentação, que já tem lei obrigando a reposição anual da inflação na data-base, foi reajustado ainda. Sem contar que o valor concedido, de R$ 286, é bem baixo em relação a outras categorias. A reivindicação dos servidores é que a Prefeitura garanta a coerência e pague o mesmo que é concedido aos trabalhadores da empresa pública municipal CIA Águas de Joinville.

Temos muitos motivos para paralisar os trabalhos e lutar por nossos direitos. O servidor não pode permitir ser amedrontado pelo desconto dos dias paralisados. Sem luta, a “proposta” do governo já é de um amargo desconto. Não estamos ganhando 2%. Estamos perdendo 2%.

A última greve geral da categoria foi em 2014. Naquele ano, os servidores conseguiram a reposição da inflação, de 5,82%, e um ganho real de 1,18% em janeiro do ano seguinte, além de 20% de reajuste no vale-alimentação. Desde então, os acordos de campanhas salariais impostos à categoria têm sido cada vez piores. O próximo passo da Prefeitura será atacar com força os poucos direitos que sobraram aos servidores. Foi o que fizeram os prefeitos de Florianópolis, Itajaí e Criciúma, onde os estragos só não foram maiores porque os governos enfrentaram históricas greves de resistência dos trabalhadores.

Vale a pena fazer greve?

É comum se perguntar sobre os resultados práticos da realização de uma greve. Nos últimos anos, nossa categoria retomou sua tradição de luta e tem defendido com garra seus direitos. Abaixo, seguem breves cálculos do que foi possível obter no salário com a realização de greves, bem como projeções de ganhos e perdas com a reposição da inflação ou caso a atual proposta da Prefeitura seja aplicada.

O impacto salarial de uma luta é, no entanto, apenas um dos elementos. É preciso refletir também sobre o aumento do valor e ampliação do número de servidores que recebem o vale-alimentação, bem como sobre todos os direitos sociais conquistados, que melhoram nossas condições de trabalho. O mais importante, no entanto, é a consciência de unidade, organização e luta que a categoria adquire nos movimentos.

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