Vamos reagir ou nos adaptar?
A aprovação recente da Reforma Trabalhista, somada à aprovação do teto de gastos no serviço público, à reforma do Ensino Médio e à terceirização sem limites, representa um retrocesso na qualidade de vida e de trabalho dos mais pobres. Inversamente, amplia os lucros de banqueiros e grandes empresários/especuladores. Essa é a verdadeira face do sistema capitalista, que tanto querem mascarar. Os discursos “oficiais” falam da “modernização” trabalhista, prometendo que a retirada de direitos vai gerar mais empregos e melhorar a renda e a vida das pessoas. É como prometer ao faminto que tirar seu pão vai torná-lo mais forte e mais saudável.
Deputados e senadores votam esses projetos para defender os interesses dos financiadores de suas campanhas milionárias. Vivemos numa república burguesa, criada pelos capitalistas, em que o bem estar do ser humano e as condições do meio ambiente têm pouco ou nenhum valor. E é exatamente por isso que devemos nos questionar: até que ponto vale a pena continuar sustentando esse regime? Que democracia é essa, se a vontade da maioria não significa absolutamente nada? De que nos serve uma sociedade em que a propriedade e o lucro de uma minoria são mais importantes e sagrados do que a vida, a saúde e a educação de milhões de jovens e trabalhadores?
Muitos setores da esquerda, partidos e movimentos sociais defendem novas eleições, como se isso fosse resolver nossos problemas. Esquecem que as opções que se apresentam – Lula inclusive – não assumiram qualquer compromisso em fazer diferente. É uma tentativa desesperada de salvar o sistema, prolongando a ilusão das pessoas na “democracia” e nas instituições burguesas. Isso explica a covarde rendição das centrais sindicais frente ao governo. Para tentar negociar uma fonte substitutiva ao imposto sindical, traíram a greve geral, deixando de organizar as bases para enfrentar os projetos que destruíram nossos direitos.
Nada disso nos serve. Jovens e trabalhadores, em cada escola, em cada local de trabalho, devem discutir a reorganização da nossa luta. Precisamos de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora e da Juventude, não para ser um congresso formal de uma entidade burocrática, mas para organizar de fato um grande levante contra as reformas, contra o governo, contra esse sistema de morte.
Nada está perdido. A lógica do momento é a instabilidade. Nenhuma lei ou instituição é permanente. Vamos ousar retomar ou reorganizar o movimento estudantil e sindical. Vamos pensar outra forma de organizar a sociedade, livre da divisão entre quem tem propriedades e quem não tem. Vamos discutir como resolver os reais problemas dos seres humanos e como preservar nossa morada – o planeta Terra e sua diversidade.
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Editorial do Jornal do Sinsej de agosto