Sindicato independente é o que luta pelos trabalhadores
Muito se fala sobre a necessidade de os sindicatos serem neutros e independentes. Não raro, escuta-se nos locais de trabalho a defesa de que as entidades sindicais devem se limitar a discutir os interesses diretos da categoria que representam, sem se envolver em nenhum tema político ou que diga respeito ao restante da classe trabalhadora. É preciso se perguntar de onde vêm e a quem beneficiam estas afirmações.
Os sindicatos têm sua origem em bandeiras bem definidas de defesa dos trabalhadores contra a exploração. Para isso, ser independente dos patrões e dos governos é essencial. Ser neutro politicamente, no entanto, significa outra coisa. Calar-se diante de injustiças é contribuir para que o lado que está ganhando permaneça assim. Qualquer ato, mesmo o de não fazer nada, significa uma posição política na sociedade. Cabe aos filiados ao sindicato escolherem e fiscalizarem QUE política sua direção vai defender. Escolher uma direção SEM política é impossível.
No Sinsej, a direção atual tem posicionamentos claros. Durante esta gestão, o Sinsej não se furtou a erguer-se contra a tentativa de aprovação da Lei da Mordaça, contra governos que oprimem servidores de outras localidades, em defesa da greve de trabalhadores de outras categorias, em apoio à juventude que ser organiza por seus direitos, em defesa de moradia para todos, contra a repressão policial que maltrata jovens na periferia, contra o “ajuste fiscal” de Dilma e as contrarreformas de Temer, entre inúmeros outros temas. O único critério que existe para se decidir se o sindicato apoiará ou não uma bandeira é que ela esteja de acordo com os interesses gerais da classe trabalhadora. Essa postura levou o Sinsej a ser hoje uma das maiores forças políticas contra a burguesia da cidade e da região.
“O único critério que existe para se decidir se o sindicato apoiará ou não uma bandeira é que ela esteja de acordo com os interesses gerais da classe trabalhadora”
Na mesma lógica está o envolvimento com partidos políticos. No Brasil, as entidades sindicais são proibidas de financiar partidos. Essa legislação foi aprovada por Getúlio Vargas, conhecido como o pai das leis trabalhistas, mas que na realidade foi responsável pela destruição de milhares de sindicatos do país, impondo uma estrutura sem nenhuma liberdade sindical que perdura até hoje.
Novamente, é preciso questionar. A quem serve a proibição de os sindicatos financiarem entidades político partidárias? A escravidão também já foi lei e hoje sabemos o quanto esta norma era absurda. Na Inglaterra, por exemplo, a restrição de financiamento político-partidário dos sindicatos não existe. Lá, os trabalhadores têm o direito de dizerem quem suas entidades devem apoiar. O grande partido trabalhista, Labour Party, é financiado majoritariamente por sindicatos. O mesmo ocorre em vários outros países do mundo.
A classe dominante no Brasil sempre pôde financiar os partidos que quis, seja por meio de suas empresas, associações ou de forma individual (lembrando que para arrecadar a mesma quantidade de dinheiro que um rico pode doar é necessária a reunião de muitos trabalhadores). Assim, enquanto os grandes capitalistas mantêm no poder governantes que defendem seus interesses, os trabalhadores são proibidos de usar da força de sua organização para fazer o mesmo. O Sinsej respeita a legislação, mas a crítica a este modelo pode e precisa ser feita.
Também é necessário compreender a limitação do poder dos sindicatos. Anos de luta por recuperação salarial ou, por exemplo, pela aprovação de um bom plano de carreira, podem ser anulados com uma assinatura de um governante ou desfeitos com apenas um ano sem reajuste. Não significa que essa batalha cotidiana não seja muito importante. É ela que permite a sobrevivência dos trabalhadores, coloca-os em movimento, une-os, organiza-os e ensina a consciência de que eles são uma classe muito poderosa. No entanto, a única coisa que realmente pode trazer justiça à vida dos trabalhadores é uma mudança profunda na sociedade. Para isso, são necessários não apenas sindicatos, mas partidos fortes, que realmente representem os trabalhadores.
“a única coisa que realmente pode trazer justiça à vida dos trabalhadores é uma mudança profunda na sociedade”
Perder de vista essa necessidade de se lutar politicamente pela mudança da sociedade é fatal para os sindicatos. Quando isso acontece, eles perdem toda sua razão de ser. Deixam de ser um instrumento de libertação da classe trabalhadora para se tornar seu contrário: um freio que impede a organização. O Brasil e o mundo estão cheios destes exemplos. A CUT e todas as demais centrais sindicais têm dado provas de que não acreditam mais na força dos trabalhadores. Elas temem uma organização suficientemente grande para abalar as estruturas de Estado. A desmobilização que essas centrais promoveram da luta contra as reformas da Previdência e Trabalhista no ano passado são exemplos disso.
A direção do Sinsej compreende este processo e trabalha visando conectar a defesa incondicional dos direitos dos servidores com a organização dos trabalhadores pela construção de uma sociedade que não seja baseada na exploração de bilhões de seres humanos – uma sociedade socialista. A luta por liberdade e independência sindical assume prioridade neste contexto.
Todos os servidores são convidados e, mais do que isso, convocados a participar do debate sobre a política defendida pelo Sinsej. Desde 2010, os espaços democráticos de discussão do sindicato foram ampliados muito, como assembleias, reuniões, conselho de representantes e congresso. Acompanhe as datas das atividades e participe.