“Os professores não sabem ensinar”, diz deputada
Câmaras e tribunas são uma nova ferramenta para criminalizar, ameaçar e agredir professores do país. Longe de perceberem o que custa à categoria uma sala superlotada, uma carga horária de 40 horas e as más condições de trabalho, parlamentares têm usado professores para pavimentar o sucateamento da educação pública e colocá-los em embate com a população.
No dia 15 de fevereiro, a deputada Joice Hasselmann (PSL) usou seu tempo na tribuna (vídeo abaixo) para unir-se ao que vem sendo a tônica parlamentar nos últimos meses, seguida por personagens como Ana Caroline Campagnolo e o próprio Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez.
Segundo Joice, “não falta um único centavo para a educação nesse Brasil”, ignorando um sistema educacional historicamente deficitário em estrutura e, sobretudo, em valorização do corpo docente e gasto por aluno. Até mesmo o orçamento federal executado, que dedicou apenas 3,60% para a educação ao contrário dos 40,66% que foi para a dívida, vai alinhado à PEC que limita gastos e, sem ir muito longe, ao sistemático fechamento de turmas e escolas em todo o Estado de Santa Catarina.
Não satisfeita, a correligionária de Bolsonaro alertou que o problema da educação são os próprios professores: “nossa educação é tão ruim porque os nossos professores, hoje, lamentavelmente não sabem ensinar”; e sentencia “eles passaram por um processo ideológico, e repetem aquilo que aprenderam”.
Joice Hasselmann, que tem em seu currículo uma condenação em conselho de ética por plagiar 65 trabalhos de 42 jornalistas, afirma que são os professores que não sabem exercer sua profissão.
Convidados a darem respostas ao desemprego, ao baixo investimento e à retirada de direitos, levantam o fantasma da suposta “doutrinação” e “ideologia” de professores, como se a própria disseminação dos interesses do governo em precarizar o sistema educacional público para repassá-lo à iniciativa privada não fosse um flagrante processo ideológico.
A intervenção da deputada do PSL soma-se a uma retórica que não é apenas irresponsável, mas um crime contra os trabalhadores em educação. E a resposta da categoria não deve ser apenas em repúdio, mas em mobilização e organização pela defesa da educação pública.
Texto: Sinte/Joinville