Conselho de saúde rejeita proposta de atendimento por aplicativo
Na última segunda-feira (4) a secretaria de saúde apresentou ao Conselho Municipal de Saúde a proposta de incluir Joinville no Projeto Teleconsulta SES, que visa promover atendimento primário a pacientes por meio de um aplicativo. Na reunião a proposta foi rejeitada, mas ela voltará a ser debatidas nas comissões do conselho.
A ideia é que o cidadão, antes de ir a um posto de saúde, responda algumas perguntas no aplicativo, que serviria como triagem. Com as respostas, a própria ferramenta orientaria o munícipe sobre a necessidade ou não de procurar ajuda em um local físico. A plataforma, chamada de Laura, é utilizada por alguns hospitais e secretarias municipais pelo Brasil.
A utilização da tecnologia em prol da saúde é importante, porém, é necessário humanizar os atendimentos, principalmente os primários. É preciso levar em consideração que nem todas as pessoas estão familiarizadas com o uso da tecnologia ou até mesmo possuem condições de acesso a tal. Isso sem falar nas pessoas que podem não estar em condições de responder um questionário online enquanto está passando mal. Neste primeiro atendimento, o contato direto e pessoal é fundamental para entender o que o paciente sente e qual o melhor encaminhamento para ele.
Questionados sobre os riscos de deixar nas mãos de um aplicativo o atendimento de pacientes que poderiam correr risco de morte, a resposta por parte dos representantes da secretaria presentes na reunião foi: “se você estiver morrendo, não vai ser uma máquina que vai te salvar”. Aparentemente desfibriladores, respiradores e aparelhos do gênero ganharam status de seres vivos na prefeitura de Joinville.
O fundamental para o bom andamento dos processos e atendimento é a valorização dos profissionais que trabalham na área. Os servidores da saúde lidam com situações de extrema urgência todos os dias, salvam vidas e atendem pacientes com os mais diversos tipos de problemas. Lidar com o dia a dia da saúde pública na maior cidade do estado não é simples e as pessoas não podem simplesmente serem substituídas por uma inteligência artificial. Terceirizar esse serviço é só mais uma tentativa do executivo municipal de fugir da sua responsabilidade de gerir, cuidar e investir na saúde pública da cidade.
O concurso público para a área da saúde é mais do que necessário neste momento. Qualquer tipo de terceirização não vai resolver nenhum problema enfrentado pelos munícipes em postos de saúde e hospitais. Chegou a hora da prefeitura enfrentar de vez o desafio que assumiu, promover o concurso e valorizar de fato os servidores e o atendimento que eles prestam ao joinvilense.