Na calada da noite, vereadores ignoram a população e votam projeto que cria 69 cargos na prefeitura

Na última quarta-feira (6) a Câmara de Vereadores de Joinville foi palco de mais uma afronta a sociedade joinvilense. Na surdina e sem ouvir a população, os vereadores aprovaram a reforma administrativa proposta pelo prefeito Adriano Silva (NOVO). O projeto prevê a criação de 69 cargos de livre nomeação, que terá um impacto anual de R$ 6,6 milhões aos cofres públicos.

O requerimento pedindo prioridade para deliberação do projeto foi protocolado pelo vereador Wilian Tonezi (PATRIOTA) às 17h28, ou seja, 32 minutos antes da sessão começar. Tudo feito para que não houvesse tempo para que munícipes ou entidades contrárias ao projeto pudessem se organizar para se deslocar até a Câmara.

Já eram mais de 19 horas quando o presidente da Câmara, Mauricio Peixer (PL) transformou a sessão ordinária em comissão geral para discutir o projeto. Em pouco mais de uma hora de discussão, na calada da noite e sem nenhum membro da sociedade civil convidado a acompanhar, 14 vereadores aprovaram o projeto. Foram eles: Adilson Girardi (MDB), Alisson Julio (NOVO), Brandel Junior (PODEMOS), Diego Machado (PSDB), Érico Vinicius (NOVO), Kiko do Restaurante (PSD), Lucas Souza (PDT), Mauricio Peixer (PL), Nado (PROS), Neto Petters (NOVO), Pastor Ascendino Batista (PSD), Sales (PTB), Tânia Larson (UNIÃO BRASIL) e Wilian Tonezi (PATRIOTA). Quatro vereadores votaram contra a proposta: Ana Lúcia (PT), Cassiano Ucker (UNIÃO BRASIL), Claudio Aragão (MDB) e Sidney Sabel (UNIÃO BRASIL). Henrique Deckmann (MDB) estava ausente.

No projeto, a prefeitura quer criar 69 cargos, sendo 45 cargos de confiança e 24 cargos de função gratificada. Os cargos de confiança podem ser destinados a qualquer pessoa que o prefeito escolher. Ao todo eles serão divididos em cinco diretorias executivas, 18 gerências e 22 coordenações. Já os cargos de função gratificada são exclusivos para servidores, mas também escolhidos pela prefeitura.

O partido NOVO é um dos maiores críticos a criação de cargos em âmbito nacional. Em seu site, o partido afirma defender um estado com estrutura administrativa enxuta. Porém, na única cidade no qual a sigla elegeu um prefeito, ele e sua bancada governista usam da velha estratégia de votar projetos na calada da noite para aprovar a criação de cargos comissionados. Adriano Silva, o partido NOVO e seus vereadores enganam e traem a população joinvilense. Tudo isso com apoio de vereadores de outros partidos, mas que também estão sob as rédeas do gestor municipal.

Inclusive, há de se destacar a agilidade do vereador Lucas Souza (PDT) quando o assunto é dizer “sim senhor” para o prefeito Adriano Silva (NOVO). O vereador Claudio Aragão (MDB) apresentou uma emenda ao projeto, para a qual o vereador Lucas foi designado relator. Exatos 24 segundos depois, Lucas já estava de prontidão no plenário para dar seu parecer contrário à emenda. A velocidade com qual leu e emitiu um parecer em relação a emenda impressiona tanto, que talvez seja o caso do PDT buscar junto ao Guinness Book o recorde de parecer mais rápido já emitido por um vereador no mundo.

Enquanto despeja um caminhão de dinheiro em cargos de confiança, Adriano Silva (NOVO) segue sucateando o serviço público. Nesta semana munícipes e servidores denunciaram um caos na UPA Sul, onde crianças tinham que aguardar atendimento junto a pessoas com suspeita de Covid. Em outros setores e unidades, funcionários acumulam funções e ficam sobrecarregados porque o prefeito se recusa abrir concurso público. Enquanto manda os vereadores agilizarem a reforma administrativa na Câmara, ele empurra com a barriga o concurso que vai beneficiar a população de Joinville.