As soluções que o HMSJ precisa

Por Jean Almeira

Nos últimos dias de 2012 os servidores do Hospital São José sofreram duras penas. Mais uma vez trabalhadores e pacientes voltaram a ficar sem ar condicionado. Os problemas com refrigeração começaram quando um compressor do Complexo Ulysses Guimarães parou de funcionar, no dia 14 de dezembro. Uma solução provisória foi dada no dia 20, mas o conserto só durou três dias e, na véspera do Natal, o hospital sofria mais uma vez com o calor. Para complicar ainda mais a situação, na tarde do dia 26 o transformador de energia queimou e deixou diversos setores do hospital sem luz até às 23 horas.

Todos esses problemas que assolam o São José nos últimos dias não são apenas a combinação de dias de azar. A situação pela qual o hospital passa é resultado de um longo período em que nenhum problema foi tratado da forma devida. Medidas paliativas, remendos e atitudes eleitoreiras começam a esgotar sua validade e o resultado são situações que beiram à desumanidade, tanto para servidores quanto para pacientes.

A precarização se torna cada vez mais evidente. Em 1998, o hospital contava com quatro técnicos em refrigeração. Hoje, a unidade tem quatro vezes mais aparelhos, mas dispõe de apenas um técnico.

Os problemas de climatização mais recentes atingiram somente o complexo Ulysses Guimarães, mas a impossibilidade de manter os pacientes nele devido à falta de ciruculação de ar, fez com que o terceiro andar fosse fechado. Com isso, vários pacientes foram remanejados para outros setores, entre eles o quarto andar e a ala B. Porém, o quarto andar, recém inaugurado, também não tem ar condicionado. Dos 30 novos leitos colocados em funcionamento no ano passado, dez foram fechados pela própria direção do hospital, pois os quartos não tinham sequer cortinas e o sol impedia o mínimo de conforto aos pacientes.

Nós entendemos a necessidade que a comunidade joinvilense tem de leitos hospitalares, mas é inadmissível que obras sejam feitas apenas para “inglês ver”. Precisamos dos serviços públicos completos e funcionando plenamente. Na semana passada, quando a temperatura quase chegou aos 40º em Joinville, pacientes internados no quarto andar do Hospital São José tiveram que ser encaminhados à UTI porque sua condição de saúde piorou devido ao calor que fazia nos quartos.

O curto-circuito no transformador de energia na semana passada também não era novidade. Desde 2009 a administração do hospital tinha posse de um relatório, encomendado a uma empresa especializada em engenharia elétrica, que concluia claramente que aquele transformador poderia explodir. De lá para cá nenhuma medida, dentre as várias apontadas no relatório, foi tomada.

Para ter uma idéia de como estes problemas são antigos, a ala B, que atende pacientes ortopédicos, funciona na parte mais antiga do prédio do hospital, que já tem mais de cem anos. Entre promessas e projetos, entra ano e sai ano, renovam-se os prefeitos e até hoje este setor ainda não teve seus aparelhos de condicionador de ar instalados. O que deveria ser um ambiente agradável para a recuperação de pacientes, nos dias de calor torna-se uma sauna e os pacientes precisam sair dos quartos na busca por espaços mais frescos e confortáveis.

Como as janelas e portas ficam constantemente abertas para amenizar as temperaturas, o setor é facilmente infestado por pragas. Como na semana passada, quando funcionários, pacientes e acompanhantes, passaram o dia espantando moscas que tomaram conta do hospital.

Cenários como esse parecem distantes de nós, somente presentes em filmes e cenas de guerra, mas é triste saber que eles têm se tornado corriqueiros na maior cidade do Estado.

O Zequinha precisa de cuidado urgente. Medidas definitivas e de efeito precisam ser tomadas para impedir que perdas maiores atinjam o hospital. É preciso garantir um atendimento digno aos joinvilenses e um ambiente de trabalho seguro para os funcionários. Não é mais possível permitir que problemas sejam conhecidos e ações de solução não sejam feitas.

Uma nova gestão se inicia na Prefeitura de Joinville e nesse momento é preciso que nossos novos governantes entendam que algumas medidas são obrigatórias no São José. Como o conserto da refrigeração no Complexo Ulysses Guimarães, a finalização da licitação para compra dos equipamentos de ar condicionado da ala B e do quarto andar e a abertura imediata de concurso para contratação de profissionais nos setores de manutenção do hospital.

Sobretudo é imprescindível que se inicie de fato a valorização dos servidores do Zequinha. Os funcionários do HMSJ que quase paralisaram as atividades no fim de 2012 para garantir as horas extras no recesso, não têm mais condições de suportar novos sofrimentos. É preciso que a administração do hospital inicie imediatamente o pagamento em dobro dos servidores do sétimo dia de trabalho, para os servidores que trabalham em escala. Isto é um direito, está previsto no estatuto dos servidores desde 2008 e jamais foi pago. Além disso é hora de regularizar a redução da jornada para os setores administrativos, há tanto prometida.

Para ouvir este e outros comentários, clique aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

sete + dois =